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Pesquisadores da UFPB testam eletroestimulação e meditação para curar enxaqueca

Combinação das técnicas pode aliviar os sintomas da cefaleia crônica
publicado: 12/12/2019 20h31, última modificação: 13/12/2019 19h03
Voluntários participam do estudo, que deve ser concluído no 1° semestre de 2020. Crédito: Divulgação

Voluntários participam do estudo, que deve ser concluído no 1° semestre de 2020. Crédito: Divulgação

As pesquisadoras Elidianne Araújo e Luana Pimenta, mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento (PPGNeC) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), sob a orientação dos professores Suellen Andrade e Luiz Carlos Lopez, estão testando Eletroestimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) associada à prática de mindfulness (um tipo de meditação) para currar migrânea, uma cefaleia primária episódica e crônica (enxaqueca).

A pesquisa irá examinar os efeitos terapêuticos no quadro sintomatológico doloroso, assim como identificar as alterações da assimetria da onda cerebral alfa no córtex frontal dos voluntários. O objetivo é avaliar se estas duas técnicas associadas podem ser usadas como um método profilático na redução da sintomatologia dolorosa da migrânea crônica, tendo em vista a escassez de estudos que utilizam esse método.

“Desejamos promover uma melhora na qualidade de vida do paciente ao proporcionar o alívio de dor, aumentando, inclusive, a sua produtividade laboral, além de elevar o nível de atenção plena nas atividades cotidianas”, conta Elidianne Araújo.

Ela destaca a importância de implementar novas técnicas não medicamentosas. “Conforme estudos, terapias para melhorar enxaqueca consistem em medidas farmacológicas e não farmacológicas, com uma grande variedade de remédios para sua prevenção, como antiepilépticos e antidepressivos tricíclicos e duais”.

No entanto, analgésicos costumam ser utilizados de maneira indiscriminada e abusiva, podendo levar à cronificação da cefaleia e resistência aos fármacos convencionais, com consequente piora da qualidade de vida dos pacientes. “Neste sentido, ressalta-se a importância de implementar novas técnicas não medicamentosas ao tratamento, tais como o mindfulness e a ETCC, que promovem alívio da sintomatologia crônica da migrânea”, argumenta.

A ETCC é uma forma de neuroestimulação que utiliza corrente elétrica baixa e contínua emitida diretamente na área cerebral de interesse, através de pequenos eletrodos. Inicialmente, os pacientes passam por uma triagem com um profissional neurologista, com a confirmação de diagnóstico para migrânea crônica.

Depois de confirmada a participação no estudo, o paciente passa por uma avaliação com a aplicação de instrumentos e realização de eletroencefalograma do tipo portátil (Muse) e inicia a intervenção, que consiste na associação das práticas terapêuticas ETCC e Mindfulness, por meio do exercício mental de controle sobre a capacidade de se concentrar nas experiências, atividades e sensações do presente.

Ao todo são ofertadas 12 sessões de 20 minutos cada (três vezes por semana, durante quatro semanas). Após as sessões, os pacientes são reavaliados para verificar a eficácia da terapia. As intervenções terapêuticas ocorrem no prédio da Pós-graduação em Educação Física e Fisioterapia, no Centro de Ciências da Saúde da UFPB, no campus I, em João Pessoa.

Para participar do estudo, os pacientes devem seguir os seguintes critérios: possuir diagnóstico de migrânea crônica, de acordo com a terceira edição da Classificação da Sociedade Internacional de Cefaleias (ICHD-3); estar na faixa etária entre 18 e 65 anos de idade; e ter disponibilidade para dar continuidade à terapia nas 12 sessões durante período de quatro semanas consecutivas pré-programadas.

Pacientes que possuem cefaleia atribuída a alguma outra patologia neurológica ou neuropsiquiátrica associada; analfabetos; aqueles que possuem implantes metálicos localizados na cabeça, implantes cocleares e marca-passo cardíaco; que fazem uso de drogas moduladoras da atividade do sistema nervoso central (SNC) e com histórico de convulsão não podem participar do estudo.

A previsão de encerramento da pesquisa é para o final do primeiro semestre do ano que vem. O estudo está sendo feito por meio de uma parceria entre o Laboratório de Estudos em Envelhecimento e Neurociências (LABEN) e o Laboratório de Ecologia Comportamental e Psicobiologia (LECOPSI), ambos da UFPB.

Beatriz Barros | Ascom/UFPB