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Projeto na UFPB educa população para conservação patrimonial de João Pessoa

Iniciativa resgata memória da cidade através de site, redes sociais digitais e oficinas
publicado: 11/08/2020 23h20, última modificação: 11/08/2020 23h20
Projeto da UFPB quer desmistificar a ideia de que políticas de preservação são obstáculos para o desenvolvimento de João Pessoa. Na imagem, revitalização de oito casarões da Rua João Suassuna, no Varadouro, Centro Histórico da capital paraibana. Foto: Secom-JP

Projeto da UFPB quer desmistificar a ideia de que políticas de preservação são obstáculos para o desenvolvimento de João Pessoa. Na imagem, revitalização de oito casarões da Rua João Suassuna, no Varadouro, Centro Histórico da capital paraibana. Foto: Secom-JP

O projeto “Memória João Pessoa: informatizando a história do nosso patrimônio” da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) leva educação patrimonial para superar o preconceito que a sociedade brasileira desenvolveu em relação às políticas de preservação, por serem vistas como obstáculo ao desenvolvimento das cidades. 

Nesse intuito, pesquisadores do projeto e do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPB realizaram, em 2019, vinte oficinas na cidade de João Pessoa. Na ação, obtiveram alcance de aproximadamente 400 alunos do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas e privadas da capital paraibana. 

“O número crescente de jovens com acesso à informação de qualidade sobre o patrimônio é o principal fator que justifica o projeto. A iniciativa encontra-se vigente desde 2006 e, atualmente, é reconhecida como modelo tanto no meio acadêmico quanto entre instituições de proteção do patrimônio”, explica a coordenadora do projeto, professora Maria Berthilde Moura Filha. 

De acordo com os pesquisadores da UFPB, o problema a ser enfrentado é a conscientização da população quanto à importância e necessidade da conservação do patrimônio arquitetônico e urbanístico da cidade de João Pessoa. 

“O projeto tem por objetivo divulgar a história e a memória do patrimônio arquitetônico e urbanístico da cidade para toda a sociedade. Isso será possível com oficinas de educação patrimonial e parcerias para a organização dos trabalhos, tanto presencial quanto virtualmente”, conta Berthilde. 

A professora da UFPB acredita que, em grande parte, o preconceito com a conservação histórico-patrimonial das cidades é resultado de uma falta de informação sobre os valores inerentes ao patrimônio. Para ela, muitas pessoas não entendem a importância desse tipo de patrimônio e não comungam da necessidade de sua conservação, especialmente as gerações mais novas. 

“Neste sentido se optou por trabalhar com a conscientização de toda a população através do website e, especificamente com crianças e jovens. Por serem os futuros guardiães desse patrimônio, o projeto foi direcionado para as oficinas de educação patrimonial realizada nas escolas”, destaca Berthilde. 

O grupo de pesquisadores da UFPB ressalta que, para assegurar o efetivo apoio e participação da sociedade nas políticas de conservação do patrimônio, faz-se necessário conscientizá-la sobre o papel da memória, história e identidade dos lugares. 

“Somente assim será possível ter a população como uma aliada nessas políticas. Caso contrário é improdutivo exigir que seja participativa na conservação de um patrimônio sobre o qual não tem informação, não se apropria e não se sente responsável”, alega a professora da UFPB. 

Maria Berthilde Moura Filha reafirma a necessidade de investimentos que visem sanar as lacunas na educação patrimonial. Para ela, é preciso formar cidadãos comprometidos com a manutenção da cultura, memória e identidade coletiva e criar mecanismos democráticos que viabilizem e estreitem a relação entre patrimônio e sociedade. 

“Nesse sentido, é sensato que as instituições que atuam nas áreas de preservação do patrimônio cultural, a exemplo da universidade, estabeleçam canais de comunicação acessíveis com os mais variados segmentos da sociedade, independente do seu nível de escolaridade e cultura. Mais que isso, faz-se necessária a integração dessas pessoas ao processo de construção de tais conhecimentos, retirando-as da posição de meras espectadoras”, enfatiza a professora da UFPB. 

Ao longo dos quatro anos de existência, o projeto da UFPB despertou interesse entre estudantes da graduação e pós-graduação acerca de questões referentes à conservação do patrimônio e dos centros históricos. 

“É relevante, ainda, o fato de muitos dos arquitetos, hoje atuantes nos órgãos de preservação do patrimônio na Paraíba, terem despertado para tal campo de atuação profissional após participarem do projeto de extensão. Também cabe considerar a atenção que desperta no âmbito da universidade, uma vez que já recebeu o prêmio Elo Cidadão por duas vezes, [concedido aos melhores projetos de extensão da UFPB]”, evidencia Berthilde. 

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Reportagem: Jonas Lucas Vieira | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB