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Projeto na UFPB educa população para uso racional de medicamentos antimicrobianos

Ações educativas podem ser acompanhadas pelo perfil da iniciativa no Instagram
publicado: 20/08/2020 21h19, última modificação: 20/08/2020 21h19
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que, em 2050, uma pessoa morrerá a cada três segundos em consequência de infecções causadas por microrganismos resistentes a antimicrobianos. Foto: Arquivo/Agência Brasil

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que, em 2050, uma pessoa morrerá a cada três segundos em consequência de infecções causadas por microrganismos resistentes a antimicrobianos. Foto: Arquivo/Agência Brasil

O projeto “Sensibilizando estudantes do ensino médio sobre a resistência bacteriana aos antimicrobianos”, do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), divulga conhecimentos sobre resistência a medicamentos antimicrobianos junto aos estudantes e profissionais da rede pública de ensino de João Pessoa. 

A iniciativa busca conscientizar a população sobre a importância do uso racional dos medicamentos, reduzir a desinformação e prevenir o agravamento de problemas na saúde pública. O projeto surgiu a partir de ideias sobre o tema entre alunos e professores. Eles atestaram a relevância de a temática ser repassada para as comunidades. 

“Inicialmente, o projeto era voltado apenas a alunos da Escola Presidente João Goulart, no bairro Castelo Branco, em João Pessoa. Entretanto, com a pandemia de Covid-19, passou por adaptações e está funcionando de forma virtual, atendendo ao público em geral por meio de redes sociais”, explica a pesquisadora Ana Santos, uma das integrantes da ação da UFPB. 

O grupo que atua no projeto é coordenado pelo professor Lauro Santos Filho e conta com o suporte dos professores Gabriel Rodrigues Martins e Eloiza Helena Campana. Todos fazem parte do Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPB. As atividades tiveram início em março deste ano e podem ser acompanhadas pelo perfil do projeto no Instagram. 

“Promovemos práticas educativas, como forma de reduzir os casos de automedicação e do uso indiscriminado de antimicrobianos. A resistência aos antimicrobianos deve ser reconhecida como um problema grave de saúde e oferecemos à comunidade a oportunidade de acessar fontes de informação sobre a necessidade de se proteger”, diz Ana Santos. 

A pesquisadora da UFPB argumenta que, através da divulgação sobre o uso apropriado dos antimicrobianos, o grupo de pesquisadores estimula as pessoas a identificarem e adotarem ações que estão ao alcance delas e podem ser feitas para melhorar o bem-estar e a saúde. 

“A resistência bacteriana é, de modo simples, a capacidade de bactérias se tornarem resistentes aos medicamentos (antimicrobianos) que anteriormente serviam para impedir sua reprodução ou causar sua morte. O enfrentamento do problema requer a participação de toda a sociedade”, salienta Ana Santos. 

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2050, uma pessoa morrerá a cada três segundos em consequência de agravos causados por infecções causadas por microrganismos resistentes a antimicrobianos. As informações alertam que haverá cerca de 10 milhões de óbitos por ano e a perspectiva é de que existam mais mortes por infecção do que por câncer. 

“A OMS promove anualmente a “Semana Mundial de Uso Consciente de Antibióticos” para conscientizar a sociedade. Essa mobilização chama a atenção das pessoas para a necessidade de buscar orientação antes do uso desses fármacos”, destaca Ana Santos. 

Segundo a pesquisadora da UFPB, pesquisas, estudos, testes e a produção de um novo medicamento requerem muito tempo e recursos para serem disponibilizados no mercado consumidor. Para ela, a ciência não consegue acompanhar o tempo da resistência bacteriana e criar novos medicamentos assim que eles se tornam necessários. 

“Por exemplo, uma bactéria se torna resistente ao fármaco A, enquanto os estudos para desenvolvimento do fármaco B estão sendo realizados. A bactéria já pode estar resistente a este, sendo necessário o desenvolvimento de um medicamento C e, assim, sucessivamente”. 

Ana Santos reforça que algumas bactérias antes vistas apenas em hospitais já são encontradas nas comunidades. A pesquisadora alerta que essa constatação, de conhecimento científico, evidencia a gravidade do risco para a saúde pública. 

“É um fato extremamente grave e um risco de nível elevadíssimo para a saúde pública. No entanto, não é um tema discutido e levado ao conhecimento das pessoas fora das universidades. Por isso, buscamos compartilhar conhecimentos que possibilitem a promoção do uso racional de antimicrobianos e trazer à tona o contexto da ‘‘automedicação’’ para a população”, acentua. 

Os pesquisadores da UFPB acreditam que o projeto, ao divulgar informações sobre um tratamento de saúde adequado, possibilita benefícios para além do individual, contribuindo para uma questão de saúde pública. 

“Cada indivíduo, tendo consciência do tema e buscando melhorar, irá fazer bem não apenas a si próprio, mas também para toda a sua comunidade e os que o rodeiam. É uma forma de intervir diretamente no maior foco do problema: o uso inadequado de medicamentos antimicrobianos”, finaliza Ana Santos. 

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Reportagem: Jonas Lucas Vieira | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB