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Trabalho da UFPB que propõe protocolo para cirurgia de bichectomia recebe premiação nacional

publicado: 05/04/2022 12h54, última modificação: 05/04/2022 12h54
Proposta sugere a inserção da ultrassonografia como um exame pré-operatório protocolar na cirurgia de bichectomia

Foto: Divulgação

O trabalho “Importância da Ultrassonografia como recurso predicativo no planejamento da Bichectomia”, desenvolvido por dois docentes e um estudante do Departamento de Clínica e Odontologia Social do Centro de Ciências da Saúde (DCOS/CCS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), foi premiado entre os melhores trabalhos no 5º Congresso Brasileiro da Sociedade Brasileira de Toxina Botulínica e Implantes Faciais (SBTI), entidade de maior representatividade da Harmonização Orofacial no Brasil. O evento ocorreu nos dias 1º e 02 de abril, em São Paulo.

O trabalho premiado com a terceira colocação foi realizado pelos docentes Tânia Lemos Coelho Rodrigues e Danilo Batista Martins Barbosa, professores das disciplinas de Cirurgia Bucomaxilofacial-II e Harmonização Orofacial, além do aluno Douglas Faria Paiva. O trabalho propõe um protocolo pré-cirúrgico de utilização da ultrassonografia previamente à realização da bichectomia.

A cirurgia de bichectomia se propõe a remover a parte bucal do corpo adiposo localizado na face, na região interna da bochecha, haja vista que muitas vezes a presença desse corpo volumoso promove um traumatismo nas pessoas devido à propensão a morder a parte interna das bochechas, o que ocasiona lesões que incomodam bastante, principalmente os pacientes com desordens psíquicas e com distonias. Em adição ao caráter funcional, a bichectomia se tornou popular por causar um resultado estético que afina o contorno da face.

O trabalho foi o primeiro a ser apresentado representando a nova disciplina de Harmonização Orofacial da UFPB, incluída recentemente no currículo regular do curso de odontologia da UFPB, tornando a UFPB uma das poucas universidades do Brasil que contam com a cadeira no currículo da graduação e a pioneira na Paraíba. O grupo autor do trabalho tem a intenção de contribuir com o crescimento da nova especialidade, regulamentada somente em 2019 pelo Conselho Nacional de Odontologia

Tânia Lemos explica que a realização de exame de ultrassonografia não é uma prática comum nos preparativos para a cirurgia de bichectomia, o que torna o trabalho desenvolvido na UFPB relevante na proposta de inserção do exame no protocolo deste tipo de cirurgia. Para a docente, ainda que a anatomia da região da cirurgia seja conhecida, é um diferencial a realização de um exame de imagem, por proporcionar mais segurança ao procedimento cirúrgico, tanto para o cirurgião como para o paciente.

Para os pesquisadores, a ultrassonografia é uma opção interessante por ser um exame relativamente barato, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que as unidades básicas de saúde possuem o equipamento para realização de pré-natal, além de ser um exame que não traz radiação ionizante e não causa prejuízo ao paciente; desta forma, a implementação do exame como protocolo pré-operatório não onera muito a realização do procedimento.

“Com relação à implementação desse exame pré-operatório na cirurgia, também é um recurso preditivo se haverá impacto ou não na função estética, pois pelo exame de ultrassonografia é possível medir o volume do corpo adiposo na face do paciente, então nós temos condições de evitar possíveis explorações desnecessárias no sentido operatório”, explica a docente.

O trabalho apresentado no congresso é fruto das atividades do projeto UFPB na área de Bichectomia realizado dentro do Programa de Bolsas de Extensão (Probex), que contou com a realização de cirurgias voltadas para o público de baixa renda no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), antes da suspensão das cirurgias em função da pandemia da Covid-19. Durante a pandemia, o projeto avançou com a realização de divulgação de informações por um perfil no Instagram.

A previsão é que os atendimentos presenciais do projeto retornem em breve, com atendimento na nova clínica bucomaxilofacial a ser inaugurada pelo CCS. “O projeto de extensão é um diferencial porque é uma cirurgia que não é feita em nível de serviço público pelo SUS. A bichectomia é considerada uma cirurgia cara, uma cirurgia estética, mas na UFPB temos essa proposta de oferecer o procedimento a pacientes carentes da rede pública através desse projeto de extensão. A Universidade tem esse compromisso de oferecer serviços de excelência a quem não pode pagar por esses procedimentos”, disse Tânia Lemos.

A premiação do trabalho no evento nacional rendeu ao grupo um convite para fazer parte do grupo de ministrantes do próximo congresso da Sociedade Brasileira de Toxina Botulínica e Implantes Faciais da Harmonização Orofacial. Para Tânia Lemos, a premiação é um coroamento do trabalho desenvolvido com o projeto de extensão e faz parte de um hall de projetos realizados visando a implementação da especialidade de harmonização orofacial na UFPB.

“É uma especialidade extremamente importante e acho importante ela estar bem caracterizada, bem fundamentada dentro da Universidade, do ensino, pesquisa e extensão. Sou muito grata à UFPB por nos apoiar nesse projeto e nós temos o objetivo de levar isso de forma bem coerente, bem comprometida para a população. A gente quer consolidar essa especialidade da harmonização orofacial no campo da competência, da ética e não apenas em resultados antes e depois em mídias sociais”, asseverou Tânia Lemos.

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Reportagem: Elidiane Poquiviqui
Edição: Aline Lins
Foto: Divulgação