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UFPB conduz estudo sobre desmame de ventilação mecânica em pacientes graves

publicado: 14/09/2022 18h11, última modificação: 14/09/2022 18h11
Estudo multicêntrico envolve também pesquisadores da UFPE e da UFRN

 Foto: Divulgação/Laben/UFPB

Pesquisadores do Laboratório de Estudos em Envelhecimento e Neurociências da Universidade Federal da Paraíba (Laben/UFPB) estão conduzindo um estudo sobre um método não-invasivo de estimulação transcraniana por alta definição, conhecido como HD-tDCS, para desmame de ventilação mecânica em pacientes em estado grave. A pesquisa, que terá duração de dois anos, está sendo desenvolvida em parceria com programas de doutorado e de residência das universidades federais de Pernambuco (UFPE) e do Rio Grande do Norte (UFRN). 

O método começou a ser testado no último mês de julho. Alcançará cerca de 320 pacientes em estado crítico que estão sob cuidados em unidades de terapia intensiva (UTIs) e enfermarias de quatro hospitais públicos: o Metropolitano, em João Pessoa, o Pedro I, em Campina Grande, o Agamenon Magalhães, no Recife, e o Hospital Universitário Onofre Lopes, em Natal. A coleta dos dados da pesquisa segue até janeiro de 2023. 

A coordenadora da equipe do projeto em Campina Grande, fisioterapeuta e doutoranda do Laben/UFPB, Emília Sampaio, explicou que a aplicação do método tem resultado em melhoras substanciais para a qualidade de vida dos pacientes no que diz respeito ao tempo de utilização da ventilação mecânica. “Através da estimulação transcraniana por alta definição, a técnica de HD-tDCS, nós visamos diminuir os dias de intubação dos pacientes críticos em UTI. Quanto mais dias livres de ventilação mecânica este paciente tiver, melhor para ele, que vai sair da ventilação artificial, e melhor para o hospital, que vai diminuir custos de permanência deste paciente na UTI”, explicou Emília Sampaio.

Emília Sampaio informou ainda que o estudo está sendo desenvolvido após o êxito de uma pesquisa preliminar realizada no auge da pandemia de Covid-19, em 2020, no Hospital Metropolitano, na capital paraibana. “Lá tivemos uma taxa de sucesso de extubação precoce nos pacientes com Covid em que foi aplicada a técnica de HD-tDCS. Eles foram beneficiados e passaram mais dias livres de ventilação mecânica do que aqueles que não foram estimulados”, contou Sampaio. 

O estudo resultou em um artigo publicado por pesquisadores do Laben – coordenado pela docente Suellen Andrade, uma das autoras do artigo – em um dos mais renomados periódicos da área de neurociência, o  Brain Stimulation, do grupo Elsevier. Com o fim da pandemia, a pesquisa não abrange mais pacientes com Covid, focando em pacientes internados em UTI, com patologias diversas, e ventilados mecanicamente. A fisioterapeuta ressaltou que, por se tratar de pacientes entubados, ou seja, que estão sedados, a pesquisa segue todos os protocolos éticos, envolvendo a permissão dos familiares destas pessoas para a realização do estudo.

Além da redução do tempo sob ventilação artificial, a técnica tem apresentado resultados positivos também em outras aplicabilidades do HD-tDCS, como por exemplo uso para alívio de dor e em pacientes que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC). Mais informações sobre a pesquisa de estimulação transcraniana por alta definição podem ser encontradas no Instagram do Laben/UFPB. 

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Reportagem: Milena Dantas
Edição: Aline Lins
Fotos: Divulgação/Laben/UFPB