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UFPB consulta indígenas paraibanos sobre impactos da Covid-19 nas aldeias

Pesquisa preliminar indica falta de assistência em saúde a 30% dos nativos sondados
publicado: 29/06/2020 21h31, última modificação: 29/06/2020 21h31
Questionário on-line tem o objetivo de subsidiar tomada de decisões das lideranças indígenas e de autoridades durante a pandemia do novo coronavírus. Na imagem, aldeia em Barra de Gramame, no Litoral Sul paraibano. Foto: Juscelino Tabajara

Questionário on-line tem o objetivo de subsidiar tomada de decisões das lideranças indígenas e de autoridades durante a pandemia do novo coronavírus. Na imagem, aldeia em Barra de Gramame, no Litoral Sul paraibano. Foto: Juscelino Tabajara

O Inin, Coletivo de Apoio aos Povos Indígenas na Paraíba, criado por pesquisadores do Centro de Ciências Aplicadas e Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no campus IV, em Rio Tinto e Mamanguape, realiza consulta on-line sobre os efeitos da Covid-19 entre os povos indígenas no Estado.

Desenvolvido em parceria com os povos Potiguara e Tabajara, que habitam, respetivamente, o Litoral Norte e Sul paraibano, o objetivo do questionário é mapear como os indígenas estão no combate à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) e evidenciar as estratégias de mobilização que podem auxiliar neste momento.

De acordo com Juscelino Tabajara, um dos líderes da população indígena de Barra de Gramame, no Litoral Sul da Paraíba, a colaboração dos indígenas do Estado possibilitará o entendimento sobre a realidade desse grupo social no enfrentamento ao novo coronavírus.

“Queremos saber a estratégia de cada um para superar os efeitos da pandemia nas aldeias. As perguntas foram elaboradas por lideranças indígenas Potiguara e Tabajara, em conjunto com a UFPB, para entendermos nossa realidade. É importante que todos respondam sobre a situação em que vivemos diante desse genocídio”, diz Juscelino.

Segundo a professora Kelly Oliveira, que coordena o coletivo na UFPB, o mapeamento também tem sido realizado nos estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará e a ideia é realizar um relatório detalhado da situação de indígenas na região. 

“Faremos um levantamento mais apurado por indígena, individualmente. O questionário elaborado em conjunto com as lideranças indígenas pôde ser direcionado para o entendimento da melhor forma da realidade dos povos. Queremos saber do acesso à saúde indígena especialmente”, explica a professora Kelly. 

A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) é o órgão responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Ela é a gestora do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (Sasi) no Sistema Único de Saúde (SUS).

Dentre as ações que devem ser realizadas em favor da saúde indígena, estão a atenção integral e educação em saúde, o respeito às práticas de saúde tradicionais indígenas e a realização de saneamento e edificações de saúde indígena.

Para a professora da UFPB, o déficit de cuidados da saúde indígena e o aumento dos casos de Covid-19 na população tradicional são as maiores preocupações dos pesquisadores e das lideranças indígenas neste momento. 

“Constatamos a falta da atenção básica de saúde indígena em cerca de 30% dos povos que repassaram informações para a gente. Queremos entender os pormenores para apresentar às autoridades e lideranças indígenas. Os casos têm aumentado muito e o sistema de saúde não dá conta da demanda”, alerta Kelly. 

O questionário possui cerca de 30 itens com perguntas como impactos do isolamento social, hábitos de distanciamento social, necessidade de auxílio emergencial e cuidados adotados nas aldeias durante a pandemia da Covid-19. 

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Reportagem: Jonas Lucas Vieira | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB