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UFPB cria cobertura líquida com nanotecnologia e ação antifúngica

publicado: 28/04/2021 13h56, última modificação: 28/04/2021 14h03
A cobertura fornece uma proteção duradoura para superfícies que são propensas a colonização de fungos filamentosos
Foto: Divulgação
Pequena amostra da cobertura produzida. Foto: Divulgação

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) obteve patente de uma cobertura antifúngica à base de nanopartículas contendo piocianina – pigmento atóxico de origem bacteriana que possui ações biocida e bioestática. A invenção pode ser aplicada nas áreas de biotecnologia industrial e da saúde. O invento foi desenvolvido durante o mestrado de Jonas Emanuel Guimarães.

Segundo Jonas Emanuel, a cobertura fornece uma proteção duradoura para superfícies que são propensas a colonização de fungos filamentosos. Esses seres são capazes de crescer em quase todos os materiais orgânicos ou inorgânicos, inclusive em alvenaria. Os inorgânicos, por exemplo, podem ser colonizados à medida que recebem poeira, servindo como substrato de crescimento.

Queremos fornecer um produto inovador e de alto potencial, visto que atualmente as coberturas existentes oferecem proteção por um curto período de tempo. Além disso, alguns compostos utilizados são tóxicos ao ambiente”, destacou Jonas Emanuel.

O invento utiliza sistemas com tecnologia em nanoescala. O pesquisador exemplifica que os fungos filamentosos se dispersam pelo ar e são considerados organismos ubíquos, pois habitam os mais diferentes locais. Dessa forma, paredes exteriores podem se caracterizar como um local propício para a colonização fúngica.

A estrutura do material em escala nanométrica. Foto: Divulgação

O desenvolvimento como biofilmes (comunidades biológicas com um elevado grau de organização) é um problema pelo qual pode ocorrer comprometimento da estrutura de diversos materiais, podendo em alguns casos, representar riscos para a saúde humana”, explicou Jonas Emanuel.

O pesquisador foi orientado na pesquisa pelos professores Ulrich Vasconcelos e Elisângela Afonso, ambos do Departamento de Biotecnologia. Também colaboraram no estudo os discentes Tarcísio Tárcio e Ray Ravilly, que eram mestrandos na época do estudo.

O potencial antifúngico da invenção, em relação às nanopartículas poliméricas contendo piocianina, foi comprovado pelo seu efeito bioestático nas espécies de fungos filamentosos, Aspergillus niger e Penicilium sp.. Estas espécies podem degradar superfícies de concreto e são capazes de formar biofilme como estratégia de sobrevivência em condições desfavoráveis, de modo a possuir uma captura mais eficiente de nutrientes, garantindo a sua sobrevivência.

Além disso, o sistema nanoestruturado do invento criado é constituído pelo polímero polimetilmetacrilato (PMMA), que é considerado o acrílico mais importante comercialmente disponível. Sua estrutura apresenta uma boa resistência a intempéries naturais e fraca degradação quando exposto a raios ultravioletas. O sistema desenvolvido pelos pesquisadores é constituído por nanopartículas poliméricas que possibilitam a adsorção da substância bioativa, prolongando assim o seu tempo de liberação e levando a uma maior eficácia para as coberturas no combate a colonização fúngica nos substratos.

A pesquisa foi realizada no Departamento de Biotecnologia (DB), no Laboratório de Microbiologia Ambiental (LAMA) e Laboratório de Nanociência e Nanotecnologia Industrial (LANNI), contando com o suporte do Departamento de Biologia Molecular (DBM). Alguns experimentos foram feitos no Laboratório de Materiais e Biossistemas (LAMAB), do Departamento de Engenharia de Materiais (Demat), que tem à frente o professor Eliton Medeiros.

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Reportagem: Carlos Germano
Edição: Aline Lins
Fotos: Divulgação