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UFPB cria dispositivo com microchip que detecta furto de energia elétrica, o chamado ‘gato’

publicado: 03/06/2022 15h12, última modificação: 03/06/2022 15h12
Invento consiste em um cabo instrumentado para detectar a derivação por mudanças da corrente elétrica, identificando as ligações clandestinas

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) obteve, no mês de maio, a patente de um dispositivo desenvolvido por um grupo de pesquisadores do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro de Energias Alternativas e Renováveis (CEAR). O cabo de energia elétrica instrumentado é uma tecnologia que permite a detecção de desvio fraudulento de energia elétrica, conhecido popularmente como ‘gato’. A transferência da tecnologia pode ser realizada para empresas ou fabricantes de cabos elétricos. 

O cabo foi desenvolvido pelos professores da UFPB: Cleonilson Protásio de Souza, Fabrício Braga Soares de Carvalho e Yuri Percy Molina Rodriguez. No que se refere ao contexto da invenção e à sua importância, conforme o Prof. Protásio, a ideia surgiu da necessidade de detecção de derivação fraudulenta de energia.

“No Brasil, temos estatísticas que mostram que 15% da energia gerada não é faturada, ou seja, não gera dinheiro para a concessionária de energia. Uma parte dessa energia chamamos de ‘perda técnica’, uma perda natural inerente ao sistema, outra parte é realmente roubo e esta corresponde a 8%. Então, muito dinheiro é desviado por derivação fraudulenta”, explicou.

A ideia, de acordo com o professor, é que o cabo instrumentado contenha um microchip que detecte a derivação por mudanças da corrente elétrica, identificando as ligações elétricas clandestinas.

“Um cabo de energia elétrica tem um condutor interno [os fios de cobre] e um isolante externo [a parte flexível do cabo, semelhante a plástico]. Assim, foi idealizada a colocação de rádio transmissores ao longo do isolante, sem contato nenhum com o condutor que se auto alimenta pela indução magnética da corrente que passa no condutor e também mede a corrente, pois contém sensores de corrente integrados”, detalhou.

De acordo com o Prof. Protásio, os chips conseguem se comunicar via radiofrequência. Então, se o cabo tem um chip a cada 10 metros, por exemplo, e um desses chips apresenta valor de corrente elétrica diferente de outros, é provável que ali haja um ‘gato’. 

Ainda segundo o Prof. Protásio, por se tratar de um desvio clandestino, a detecção de ‘gatos’ ainda é um desafio para as concessionárias, sendo de fundamental importância um dispositivo que identifique as fraudes no sistema elétrico. 

“Há em muitos consumidores de porte pequeno, médio ou até de grande porte possibilidade de haver desvios fraudulentos. A energia chega nesses consumidores via cabo elétrico no qual, em algum ponto [logicamente escondido], o indivíduo faz o contato e desvia a energia. É um desafio para a concessionária detectá-lo, e quanto mais escondido, mais eficiente é o gato. Por isso, o mundo inteiro vai atrás de dispositivos que auxiliem a detecção”, esclareceu o Prof. Protásio.

Junto à Agência UFPB de Inovação Tecnológica (Inova), os idealizadores obtiveram a patente. O objetivo é que a invenção se torne um produto disponível às empresas e fabricantes de cabos elétricos. A expectativa é que os cabos instrumentados sejam disponibilizados para essa finalidade ou até mesmo pensados para outras demandas.

Ainda segundo o professor, a invenção é inovadora e não há nada a esse respeito desenvolvido até então. “Outras patentes partem do mesmo princípio. O que existe e também é ideia nossa é colocar sensores fora do isolamento, de forma visível. Então, não tem igual ao nosso, no mundo. A gente coloca o microsensor, um chip dentro do isolamento. Então este é o grande diferencial”, pontuou o Prof. Protásio.

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Reportagem: Mellody Oliveira
Edição: Aline Lins
Fotos: Divulgação