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UFPB participa de pesquisa que revela 22 espécies de peixes das nuvens ameaçadas de extinção

Estudo registrou ocorrência de 54 espécies de peixes das nuvens na Caatinga brasileira
publicado: 04/09/2020 23h38, última modificação: 04/09/2020 23h38
Pesquisa constatou que degradação ambiental e criação em aquários prejudicam o desenvolvimento dos peixes das nuvens no Nordeste brasileiro. Crédito: Matheus Volcan/ICMBio/Reprodução

Pesquisa constatou que degradação ambiental e criação em aquários prejudicam o desenvolvimento dos peixes das nuvens no Nordeste brasileiro. Crédito: Matheus Volcan/ICMBio/Reprodução

O artigo “Geographic distribution and conservation of seasonal killifishes (Cyprinodontiformes, Rivulidae) from the Mid-Northeastern Caatinga ecoregion, northeastern Brazil”, com participação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), revela novas espécies de peixes Rivulidae (conhecidos como “peixes das nuvens”, “peixes das chuvas” ou “peixes anuais”), que ocorrem na Caatinga brasileira, para auxiliar na conservação e preservação deles. 

A pesquisa constatou que, na região da Caatinga do Brasil, há 54 espécies de Rivulidae e 22 delas estão ameaçadas de extinção. Devido à peculiaridade do seu ciclo de vida, esses tipos de peixes são chamados de “peixes das nuvens” ou “peixes das chuvas”. 

As pessoas associam o “aparecimento” deles aos pingos das chuvas. A depender da região do país, também são conhecidos como “peixes anuais”, por aparecem apenas uma vez no ano e só em período chuvoso. 

O estudo foi realizado pelo pesquisador da UFPB, Telton Ramos, e por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). 

De acordo com Telton Ramos, o trabalho teve como objetivo estudar a conservação dos peixes da família Rivulidae.  Ele afirma que a família deles é composta por espécies de peixes de pequeno porte, em sua maioria com poucos centímetros de comprimento ("não mais que dez"). 

“Eles vivem em ambientes aquáticos geralmente muito rasos, como lagoas ou brejos, nas áreas marginais de rios e riachos. Algumas espécies ficam em ambientes sazonais, nas poças que secam durante uma parte do ano. Antes de essas poças secarem completamente, esses peixes depositam ovos no fundo delas, que ficam depositados no solo até o próximo período chuvoso. Quando as poças voltam a encher, os ovos ‘eclodem’ e ‘surgem’ novos indivíduos”, explica o pesquisador da UFPB. 

Existem espécies de Rivulidae, argumenta Telton Ramos, com distribuições restritas, por viverem em apenas uma poça d’água e de poucos metros quadrados. Qualquer impacto realizado pela humanidade, que afete o ambiente, pode levar à extinção da espécie. 

“Muitos desses ‘peixes das nuvens’ estão ameaçados de extinção na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção. As informações do artigo poderão ser utilizadas para atualizar o estado de conservação das espécies registradas e realçar a importância das estratégias de preservação dos ambientes aquáticos temporários da Caatinga brasileira”. 

O pesquisador da UFPB ressalta que, além dos problemas de impactos realizados pelos seres humanos nos ambientes em que os peixes Rivulidae vivem, as espécies também sofrem impactos pela exploração e captura para a criação em aquários.   

“Os Rivulídeos geralmente são bem coloridos. Por isso, são muito explorados na aquariofilia. Também foram registrados alguns impactos, como o acúmulo de lixo e o aterramento de poças d’água, em alguns ambientes onde as espécies foram registradas”, diz. 

Telton Ramos ressalta ainda que o trabalho dos pesquisadores estudou os modos de conservação e a distribuição dos peixes da família Rivulidae em uma porção da Caatinga Nordestina localizada nas mediações dos rios Jaguaribe, Parnaíba e São Francisco.  

Os pesquisadores descobriram novos dados de algumas das espécies que ocorrem na região. Foram evidenciadas informações sobre os lugares e as condições ambientais a respeito desses ambientes onde elas vivem. 

“Algumas espécies de peixes foram registradas em poços e cavernas da região. Entre o oeste do Ceará e o oeste do Rio Grande do Norte, constatamos o papel fundamental das ecorregiões para a conservação dos peixes. Elas podem subsidiar futuras avaliações e a criação de pequenas unidades de conservação privadas”, almejam. 

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Reportagem: Jonas Lucas Vieira | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB