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Uso de aplicativo de paquera pode aumentar comportamento sexual de risco, afirma estudo da UFPB

Extroversão e consumo de álcool também podem agravar práticas perigosas
publicado: 05/06/2020 19h40, última modificação: 08/06/2020 13h01
Participaram da pesquisa 260 universitários de João Pessoa, com idade entre 18 e 57 anos. O Brasil é o terceiro país com o maior número de usuários do Tinder no mundo. Crédito: Reprodução/Arte UOL/Autor Desconhecido

Participaram da pesquisa 260 universitários de João Pessoa, com idade entre 18 e 57 anos. O Brasil é o terceiro país com o maior número de usuários do Tinder no mundo. Crédito: Reprodução/Arte UOL/Autor Desconhecido

Um estudo realizado pelo Laboratório de Psicologia da Mídia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) investigou o comportamento sexual de risco de usuários do aplicativo de paquera Tinder.

Segundo o trabalho da estudante Luiza Armanda Pinto, sob orientação do professor Carlos Eduardo Pimentel e colaboração de Amanda Barros de Abreu, quanto mais se usa o aplicativo Tinder, mais comportamentos sexuais de risco são reportados.

Entre os comportamentos sexuais de risco, estão relação sexual desprotegida com profissional do sexo; relação sem preservativo com mais de um parceiro sexual; e relação sexual com um parceiro(a) no mesmo dia em que o/a conheceu.

“Encontramos também outras relações importantes, como a ligação entre o uso de álcool, extroversão e esses comportamentos. Ou seja, quanto mais extrovertido e consumo de álcool, mais comportamentos sexuais de risco o indivíduo pode apresentar”, diz Carlos Eduardo Pimentel.

De acordo com a pesquisa, as redes sociais são alternativas para que se busquem parceiros sexuais, aumentado a probabilidade de ocorrência do sexo casual. O conhecimento gerado a partir do estudo poderá auxiliar políticas públicas de combate a Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), além de enriquecer a literatura a respeito dos preditores dos comportamentos sexuais de risco.

“A pesquisa é importante porque amplia o conhecimento sobre as variáveis relacionadas, que servem para explicar esses comportamentos. O uso destes aplicativos é um fenômeno novo, ainda há muito o que se estudar e outras pesquisas devem ser realizadas em outras regiões e com outras populações. É importante, ainda, pois podem ser realizadas campanhas sobre a prevenção de DSTs no aplicativo”, explica Carlos Eduardo Pimentel.

Para a realização do trabalho, utilizou-se o ambiente virtual da internet, aplicando um questionário on-line em endereços eletrônicos e redes sociais. A amostra foi composta por 260 participantes, sendo 70,6% do sexo feminino e 30,4% do sexo masculino, com idade entre 18 e 57 anos.

Dentre os voluntários 88,2% apresentaram orientação heterossexual e 82,1% indicaram ser solteiros(as). A análise foi realizada com estudantes universitários da cidade de João Pessoa (PB), bem como de classes sociais e cursos diferentes, que utilizam, já utilizaram ou nunca utilizaram sites e/ou aplicativos de relacionamentos.

A pesquisa foi desenvolvida em 2016 e 2017, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic). Lançado em 2012, o Tinder é o aplicativo líder mundial para conhecer novas pessoas. A plataforma permite que os usuários criem conexões a partir de perfis pessoais.

Conforme levantamento feito pelo aplicativo no ano de 2017, o Brasil é o terceiro país com o maior número de usuários no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Reino Unido. Além disso, tem a maior média de matches (interesse recíproco entre os usuários) do mundo, ficando com 15% mais combinações do que os outros 190 países onde o aplicativo funciona.

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Reportagem: Carlos Germano | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB