O presente artigo nasce de duas indagações: como demarcar a importância social de uma biblioteca pública e de que maneira podemos apreender o poder de afetação que elas exercem sobre a vida de seus usuários? Para respondê-las, recorremos às contribuições oferecidas pela "história oral" e as "memórias de vida" a esse campo de pesquisa. Empiricamente o texto centra-se em analisar qual a participação da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa no processo de elaboração intersubjetiva de referenciais identitários e tem como objeto de estudo os testemunhos de dois usuários da instituição. Interpretando os depoimentos por meio dos conceitos de memória social, sociabilidade e enraizamento, tornou-se possível caracterizar a Biblioteca como espaço vivencial no qual as referências coletivas e intersubjetivas de nossos depoentes se ancoram e ganham ressonância, configurando-se, assim, como "lugar antropológico" capaz de mobilizar os índices de significação a partir do qual nossos interlocutores definem-se a si mesmos e também o mundo que os cercam.