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Durante a vigência dos regimes ditatoriais no Brasil (1964-84) e na Argentina (1976 a 1983) brasileiros considerados subversivos ou opositores ao regime foram vigiados, presos, torturados e assassinados. Os familiares e amigos das vítimas empreenderam longos percursos, nos dois países, em busca de informações. O objetivo desse artigo é reconstituir esses percursos, desde as primeiras denúncias até o registro dos repressores impresso nos testemunhos e documentos encontrados em arquivos brasileiros e argentinos e publicados nos relatórios das comissões de verdade. A metodologia adotada consiste no estudo de dossiês documentais sobre seis casos de brasileiros desaparecidos na Argentina, durante a ditadura. A pesquisa de campo foi realizada nos seguintes arquivos: Arquivo Nacional da Memória e Arquivo DIPBA (na Argentina) e Arquivo Nacional (no Brasil). A conclusão principal da pesquisa é que a documentação e os testemunhos, guardados nos arquivos, vem sendo apropriados e resignificados pelos distintos grupos sociais (provenientes do aparato repressivo ou vinculados à resistência a ditadura) na construção de narrativas que estão em disputa nos contextos de justiça transicional.