O objetivo do presente trabalho, de fundo teórico, é tecer uma reflexão sobre como o esquecimento, a memória e a recuperação da informação poderiam dialogar com vistas a processos satisfatórios de busca e recuperação da informação. A estratégia metodológica empregada para este estudo consistiu na pesquisa bibliográfica para a fundamentação teórica. Tal estratégia tem caráter explicativo, uma vez que busca explicações em um campo de estudo e se preocupa com comparações de diferentes abordagens. Informação e Memória são conceitos fundamentais para o desenvolvimento científico, sendo que ambos adquirem contornos específicos em função do domínio no qual estejam inseridos, abrigando um largo repertório de definições. Para este estudo, importa abordar a memória, aquela que normalmente é adjetivada de “artificial” (sob as mais variadas concepções, tanto por um viés da Antiguidade, como da contemporaneidade, como aquele wieneriano), como a capacidade de conservar informações de cunho científico produzidas no passado, de modo a permitir sua evocação para que seja utilizada no presente, com vistas à geração de novas informações e/ou atualização das mesmas. A reflexão teórica, construída em diálogo com as ideias de Paul Ricoeur sobre memória, esquecimento, ideologia e ciência, aborda a memória ora a partir do duplo presente na relação de contradição e interdependência com o esquecimento, ora como fruto dialético da condição ideológica de integração, dominação e dissolução da potencialidade dos saberes (o esquecimento como ação política). Tais reflexões apontam para os elementos conclusivos, orientados para a compreensão das margens de repercussão das relações contraditórias e dialéticas de memória e esquecimento no âmbito da organização do conhecimento, tanto articuladoras da eficácia da precisão quanto mantenedoras da eficácia da desigualdade.