Vivenciando a independência: perspectivas de adultos autistas

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Os critérios diagnósticos do autismo estão relacionados a dificuldades de funcionamento em múltiplos domínios do desenvolvimento, que frequentemente impactam a independência de uma pessoa.

Existem diferentes maneiras de conceituar e exercer a independência, mas nenhum estudo anterior questionou como pessoas adultas autistas fazem isso. O estudo qualitativo de Bhattacharya et al. (2025) teve como objetivo compreender como pessoas autistas adultas definem e vivenciam a independência.

A pesquisa foi elaborada para aprofundar nossa compreensão de como pessoas autistas adultas consideram e utilizam estratégias de enfrentamento para superar barreiras à vida independente e navegar em direção ao nível desejado de independência.

Doze entrevistas semiestruturadas foram conduzidas com pessoas adultas autistas residentes no Reino Unido. Os dados foram analisados ​​por meio de análise temática reflexiva. Os pesquisadores geraram três temas principais. O primeiro tema, ‘Independência não é uma “solução única para todos”’, destaca que não existe uma definição ou conceito único de independência para pessoas autistas; estes são relativos e singularmente individuais. O segundo tema, ‘”Ser autista tem seus contratempos” em um mundo neurotípico’, descreve os obstáculos encontrados por pessoas autistas adultas que buscam independência em uma sociedade que favorece normas neurotípicas. O terceiro tema, “Encontrando maneiras de fazer funcionar”, aborda as estratégias que pessoas adultas autistas utilizam para alcançar ou manter a independência.

As seguintes perspectivas relacionadas à independência também foram identificadas a partir dos(as) participantes do estudo:  independência – uma “necessidade” e/ou uma “escolha”; há dimensões invisíveis relacionadas à independência; impacto da saúde mental, trauma e abuso; falta de acomodação de características autísticas essenciais; vivendo à margem da exaustão e sobrecarga; não indo sozinho(a); camuflagem como uma técnica de sobrevivência; construindo pontes de empoderamento e compreensão, evitar jogar fora o bom com o mau.

Os resultados deste estudo fornecem uma base para pesquisas futuras que explorem os domínios da independência para pessoas adultas autistas. A percepção da desejabilidade de alcançar diferentes graus de in(ter)dependência e a natureza flutuante da autossuficiência são exploradas por meio da experiência vivida. Aumentar a compreensão das barreiras e desafios à independência tem o potencial de empoderar adultos autistas além de aprimorar serviços e suporte.

BHATTACHARYA, P. et al. Experiencing independence: perspectives from autistic adults. Journal of Autism and Developmental Disorders, [s. l.], p. 1–16, 2025. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s10803-025-06812-0. Acesso em: 23 abr. 2025.

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