Letramento em pessoas autistas não falantes

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

O conteúdo a seguir foi amplamente adaptado para a Linguagem Simples por GRALHA, de Marcia Ditzel Goulart.

Muitas pessoas autistas que não falam não conseguem mostrar o que sabem ou o que estão pensando com facilidade. No artigo de Jaswal, Lampi e Stockwell (2024) o termo “não falante” (em vez de “não verbal” ou “minimamente verbal”) foi usado para descrever pessoas que não conseguem se comunicar efetivamente pela fala. Essa escolha foi feita porque foi o termo preferido pela maioria dos participantes da pesquisa e por suas famílias. De qualquer forma, a expressão “não falante” mostra a dificuldade que essas pessoas têm em produzir a fala, mas não significa que elas não possuam linguagem ou que não sejam capazes de compreendê-la.

Por causa disso, essas pessoas podem ter dificuldades para:

  • estudar na escola que desejam,
  • compartilhar sentimentos com outras pessoas,
  • conseguir empregos que gostem.

Uma alternativa é aprender a digitar em computador ou tablet, em vez de falar.
Mas, para isso, é necessário saber soletrar.

Algumas pessoas acreditam que autistas não falantes não conseguem aprender a soletrar.

Para investigar isso, os autores realizaram um estudo com 31 adolescentes e pessoas adultas autistas que falam pouco ou não falam.

Essas pessoas participaram de um jogo no iPad, em que precisavam tocar em letras que piscavam.

Depois, foi analisada a velocidade com que tocavam nas letras.

O que foi descoberto

Participantes apresentaram três comportamentos típicos de quem sabe soletrar:

  1. Reconhecimento de palavras – tocaram mais rápido quando as letras formavam frases com sentido do que quando eram apenas letras sem lógica.
  2. Regras de ortografia – tocaram mais rápido em letras que costumam aparecer juntas nas palavras, mostrando que conhecem padrões da escrita.
  3. Separação de palavras – fizeram pequenas pausas antes de tocarem na primeira letra de uma nova palavra, indicando que sabem onde uma palavra termina e outra começa.

Conclusão

Os resultados da pesquisa sugerem que muitas pessoas autistas não falantes podem aprender a soletrar. Se tiverem oportunidades adequadas, podem aprender a se comunicar digitando.

Referência

JASWAL, V. K.; LAMPI, A. J.; STOCKWELL, K. M. Literacy in nonspeaking autistic people. Autism, [s. l.], 2024. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/13623613241230709. Acesso em: 8 jul. 2024.

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