A matéria a seguir, elaborada por Luzimar Collares, foi amplamente adaptada para a Linguagem Simples por GRALHA, inteligência artificial criada por Marcia Ditzel Goulart.
Compreender e respeitar as diferenças é essencial para vencer as barreiras e o preconceito.
A comunicação é um direito básico de toda pessoa e garante dignidade e cidadania.
Mas, para muitas pessoas autistas, comunicar-se ainda é um desafio diário.
Gestos, tons de voz e conversas simples podem se tornar barreiras e causar mal-entendidos.
Esse tema tem ganhado destaque em vários espaços, inclusive no Sistema de Justiça.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou uma nova edição do Manual de Atendimento a Pessoas com Transtorno do Espectro Autista. O documento reforça o compromisso do Judiciário com a acessibilidade e com o respeito às diversas formas de expressão.
Mas o assunto vai além do Judiciário: ele diz respeito a todos nós — em casa, na escola, no trabalho e nos espaços públicos.
Comunicar de forma acessível não é apenas falar devagar ou usar palavras simples.
É reconhecer que as pessoas se comunicam de maneiras diferentes.
Adaptar a linguagem é um gesto de respeito, não de concessão.
Laudisséia de França Figueiredo, que é autista, tem albinismo e deficiência visual severa, explica:
“A linguagem não verbal é um desafio constante. Sarcasmo, ironia e alguns tipos de humor são difíceis de entender porque dependem dessas pistas.”
Laudisséia é formada em Direito e Pedagogia, trabalha no Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região e participa de grupos sobre acessibilidade no CNJ e no Conselho Superior da Justiça do Trabalho.
Ela também é mãe de um adolescente autista e defende que a comunicação deve ser uma via de mão dupla — responsabilidade de pessoas autistas e não autistas:
“A comunicação é uma troca. Às vezes, tenho dificuldade em começar ou manter uma conversa. Outras vezes, me empolgo com um assunto e falo por muito tempo.”
Muitas pessoas autistas interpretam a linguagem de forma literal.
Expressões figuradas, metáforas, sarcasmos e ambiguidades podem gerar confusão.
“Compreendo melhor quando a linguagem é simples e direta. Evitar ironias e ambiguidades faz toda a diferença”, diz Laudisséia.
Além disso, ambientes com muitos sons, luzes e cheiros podem sobrecarregar os sentidos e dificultar a comunicação, conforme relata Laudisséia:
“Quando há muito barulho ou movimento, fica mais difícil entender o que dizem. Às vezes, só preciso de um tempo a mais para responder.”
Pequenas atitudes podem tornar a interação mais fácil e respeitosa:
Essas práticas, reforçadas pelo CNJ e por outras organizações, promovem uma comunicação mais empática e acessível.
E podem ser aplicadas em qualquer lugar — na Justiça, em casa, no trabalho e na comunidade.
Fonte: adaptado da coluna Comunicação de Primeira, de autoria de Luzimar Collares no Primeira Página.