Fadiga de acesso: o trabalho retórico da deficiência na vida cotidiana

segunda-feira, 17 de junho de 2024

A fadiga de acesso, no ensaio de Konrad (2021), é contemplada ao:

  • Mostrar (p. 180) “[…] como a procura pelo acesso exige que as pessoas com deficiência alternem constantemente entre a autoinvenção e a autopreservação, porque inventar um eu que seja adequado para o envolvimento público requer confrontar a forma como as outras pessoas pensam e sentem sobre a deficiência, o que, por sua vez, pode reinformar o próprio senso de identidade. Na prática, então, nem toda troca vale o esforço […]”
  • Salientar que (p. 180) “as pessoas com deficiência são frequentemente encorajadas a defender o seu próprio acesso sem considerar o trabalho mental e emocional necessário para fazê-lo.”
  • Identificar quatro dimensões exaustivas necessárias ao acesso (p. 182): “[…] (1) inventando um eu deficiente que seja adequado para o envolvimento público, uma atividade que pode envolver (2) confrontar as reações do público à deficiência, o que pode reinformar o sentido de identidade de uma pessoa com deficiência e ser tão desgastante que ela precise preservar a sua própria energia (3) pesando o valor de cada troca e (4) ensinando outros a participarem do acesso.”
  • Exibir (p. 183) “[…] como o acesso relaciona-se tanto com as outras pessoas, seus pensamentos e sentimentos sobre a deficiência, quanto com as próprias necessidades das pessoas com deficiência.”
  • Demonstrar (p. 184) “[…] como a busca pelo acesso necessita de uma espécie de trabalho de diversidade, uma pedagogia retórica da interdependência neste caso, no qual as pessoas com deficiência têm que ensinar e reensinar constantemente formas não normativas de ser e de se movimentar no espaço social.”
  • Fornecer (p. 184) “[…] uma estrutura para perceber os hábitos cotidianos que todos nós temos e que tornam o trabalho de busca pelo acesso intensamente desgastante mental e emocionalmente para as pessoas com deficiência.”
  • Mostrar (p. 184-185)
[...] como o acesso depende tanto da autoinvenção como da autopreservação. Por meio da fadiga de acesso, podemos ver como a marginalização e a opressão são experiências de simultaneamente agir e atrair, falar e calar, aparecer e ficar em casa, porque as lógicas que estruturam os nossos hábitos de envolvimento com a diferença dependem das próprias atividades retóricas dos indivíduos e da capacidade de lidar com as consequências de fazê-lo. A fadiga de acesso nos sintoniza com as maneiras pelas quais as exigências cotidianas de retórica se acumulam e provocam momentos de envolvimento e descomprometimento, mostrando como tanto a autoinvenção como a autopreservação são necessárias para responder às lógicas de responsabilidade individual pelo acesso. Ao basear-se em estudos anteriores sobre raça, gênero e deficiência, a fadiga de acesso participa do imperativo de compreender melhor as condições sociais que pressionam as pessoas com deficiência a confiarem em si mesmas - em vez de em todas as pessoas e na sua participação cúmplice em sistemas de poder que criam espaços inacessíveis. Em vez de depender das pessoas com deficiência para continuarem a satisfazer as expectativas do público, a fadiga de acesso proporciona meios para identificar os hábitos e as estruturas que precisam de mudar para apoiar uma vida pública mais inclusiva.

  • Descrever, superficialmente, essa forma de capacitismo como (p. 187) “a exaustão física e mental que resulta do trabalho de buscar acesso.”

 

KONRAD, A. M. Access fatigue: the rhetorical work of disability in everyday life. College English, v. 83, n. 3, p. 21, 2021. Disponível em: https://publicationsncte.org/docserver/fulltext/ce/83/3/collegeenglish31093.pdf?expires=1715980129&id=id&accname=guest&checksum=DDFCCB431C37C65B2BF6C80A0419FED8. Acesso em: 10 abr. 2024.

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