De acordo com Longmire, Vogus e Colella (2024),
Embora muitas pesquisas tenham buscado entender como funcionários(as) chegam a se alinhar com as normas sociais e rotinas de seus grupos de trabalho, a teoria da gestão tem amplamente negligenciado a possibilidade de que tal alinhamento possa estar fundamentalmente em desacordo com o que significa ser autista.
O autismo, que responde por uma grande parcela da neurodiversidade organizacional, está associado a ver e processar o mundo de forma diferente da norma social não-autista (alística). No local de trabalho, funcionários(as) autistas frequentemente enfrentam barreiras à inclusão, em grande parte devido a diferenças fundamentais em como eles(as) interagem e se conectam com outras pessoas.
Para identificar as barreiras à inclusão de funcionários(as) autistas no grupo de trabalho, desenvolvemos uma estrutura multinível centrada em torno da incongruência relacional, que pode ser compreendida como diferenças em padrões de inter-relação entre neurotipos (relação entre pessoas autísticas e alísticas).
Propomos que normas de grupos de trabalho de pessoas alísticas (ex.: uso de linguagem imprecisa) agravam a incongruência relacional, que por sua vez dificulta experiências de autenticidade e pertencimento para o(a) membro autista do grupo de trabalho.
Finalmente, identificamos práticas gerenciais (ex.: criação de trabalho relacional) que provavelmente protegerão contra as consequências negativas da incongruência relacional ao promover climas de grupo de trabalho de variância normalizada em padrões de inter-relacionamento e entendimentos compartilhados entre pessoas autísticas e alísticas.
A seguir encontram-se considerações de Longmire, Vogus e Colella (2024) sobre o assunto:
.Falta de similaridade entre autistas e pessoas alísticas produz incongruência relacional em díades (pares) de grupos de trabalho;
.Normas de grupo de trabalho de sociabilidade multiplex (muitos elementos constituindo complexa relação) intensificam experiências de incongruência relacional em conexões entre autistas e pessoas alísticas dentro de grupos de trabalho;
.Normas de grupo de trabalho de linguagem imprecisa intensificam experiências de incongruência relacional em conexões entre autistas e pessoas alísticas dentro de grupos de trabalho;
.Normas de grupo de trabalho de comunicação intensiva agravam experiências de incongruência relacional em conexões entre autistas e pessoas alísticas dentro de grupos de trabalho;
.Diferenças em padrões de inter-relação entre pessoas autísticas e alísticas leva a uma menor autenticidade para o(a) funcionário(a) autista em pares formados por autistas e pessoas alísticas;
.Diferenças em padrões de inter-relação entre pessoas autísticas e alísticas leva a um menor pertencimento para o(a) funcionário(a) autista em pares formados por autistas e pessoas alísticas;
.Práticas gerenciais que encorajam tanto a autonomia em padrões individuais de comunicação quanto a elaboração de trabalho relacional normalizarão a variação em padrões de inter-relacionamento dentro de grupos de trabalho;
.Normalização da variação em padrões de inter-relacionamento protegerá contra o efeito negativo da incongruência relacional tanto na autenticidade quanto no pertencimento do(a) funcionário(a) autista;
.Práticas gerenciais que fomentam tanto padrões de inter-relacionamento de grupo de trabalho mais explícitos (ou seja, menos tácitos) quanto corretagem relacional (pessoas independentes que estabelecem relações entre fronteiras organizacionais ou sociais) moldarão entendimentos compartilhados entre neurotipos (ex.: pessoas autísticas e alísticas) dentro de grupos de trabalho;
.Construção de entendimento compartilhado por pessoas autísticas e alísticas protegerá contra o efeito negativo da incongruência relacional tanto na autenticidade quanto no pertencimento do(a) funcionário(a) autista.
Referência
LONGMIRE, N. H.; VOGUS, T. J.; COLELLA, A. Relational incongruence in neurodiverse workgroups: practices for cultivating autistic employee authenticity and belonging. Human Resource Management, 2024. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/hrm.22248. Acesso em: 30 ago. 2024.