Os critérios diagnósticos do autismo estão relacionados a dificuldades de funcionamento em múltiplos domínios do desenvolvimento, que frequentemente impactam a independência de uma pessoa.
Existem diferentes maneiras de conceituar e exercer a independência, mas nenhum estudo anterior questionou como pessoas adultas autistas fazem isso. O estudo qualitativo de Bhattacharya et al. (2025) teve como objetivo compreender como pessoas autistas adultas definem e vivenciam a independência.
A pesquisa foi elaborada para aprofundar nossa compreensão de como pessoas autistas adultas consideram e utilizam estratégias de enfrentamento para superar barreiras à vida independente e navegar em direção ao nível desejado de independência.
Doze entrevistas semiestruturadas foram conduzidas com pessoas adultas autistas residentes no Reino Unido. Os dados foram analisados por meio de análise temática reflexiva. Os pesquisadores geraram três temas principais. O primeiro tema, ‘Independência não é uma “solução única para todos”’, destaca que não existe uma definição ou conceito único de independência para pessoas autistas; estes são relativos e singularmente individuais. O segundo tema, ‘”Ser autista tem seus contratempos” em um mundo neurotípico’, descreve os obstáculos encontrados por pessoas autistas adultas que buscam independência em uma sociedade que favorece normas neurotípicas. O terceiro tema, “Encontrando maneiras de fazer funcionar”, aborda as estratégias que pessoas adultas autistas utilizam para alcançar ou manter a independência.
As seguintes perspectivas relacionadas à independência também foram identificadas a partir dos(as) participantes do estudo: independência – uma “necessidade” e/ou uma “escolha”; há dimensões invisíveis relacionadas à independência; impacto da saúde mental, trauma e abuso; falta de acomodação de características autísticas essenciais; vivendo à margem da exaustão e sobrecarga; não indo sozinho(a); camuflagem como uma técnica de sobrevivência; construindo pontes de empoderamento e compreensão, evitar jogar fora o bom com o mau.
Os resultados deste estudo fornecem uma base para pesquisas futuras que explorem os domínios da independência para pessoas adultas autistas. A percepção da desejabilidade de alcançar diferentes graus de in(ter)dependência e a natureza flutuante da autossuficiência são exploradas por meio da experiência vivida. Aumentar a compreensão das barreiras e desafios à independência tem o potencial de empoderar adultos autistas além de aprimorar serviços e suporte.
BHATTACHARYA, P. et al. Experiencing independence: perspectives from autistic adults. Journal of Autism and Developmental Disorders, [s. l.], p. 1–16, 2025. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s10803-025-06812-0. Acesso em: 23 abr. 2025.