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Cientista da UFPB tem 100% de aproveitamento nas nove edições da chamada universal do CNPq

publicado: 25/03/2022 17h57, última modificação: 25/03/2022 18h05
Pesquisas identificaram 29 substâncias inéditas e resultaram em 33 pedidos de patente
Foto: Arquivo Pessoal
José Maria Barbosa Filho é professor do Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPB e coordena estudos de produtos naturais da região Nordeste

O cientista e professor do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) José Maria Barbosa Filho conquistou, recentemente, o êxito de 100% de aproveitamento nas nove edições da Chamada Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para incentivo à pesquisa no Brasil.

A Chamada Universal, a mais concorrida da entidade, foi lançada em 2001 e tem o intuito de apoiar projetos de pesquisa que visam contribuir significativamente para o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação do país, em qualquer área do conhecimento.

Oito das propostas aprovadas por José Maria Barbosa Filho tiveram como objetivo geral o estudo químico biomonitorado de algumas espécies de vegetais terrestres e de origem marinha do Nordeste, em especial, do Estado da Paraíba. A de 2006 foi relacionada à cadeia do petróleo e do gás natural.

Ao todo, os nove projetos de pesquisa do cientista da UFPB receberam mais de um milhão de reais, precisamente R$ 1.198.329,65, em recursos financeiros. Esse financiamento público, ao longo dos últimos 20 anos, possibilitou o estudo de 121 plantas e de dez organismos marinhos; o isolamento, purificação e identificação de 303 substâncias conhecidas e o reconhecimento de 29 substâncias inéditas.

Este investimento do Estado brasileiro em ciência resultou, também, na avaliação farmacológica de 62 plantas; na defesa de 32 teses e 19 dissertações; na supervisão de quatro estágios de pós-doutorado; no treinamento de 44 bolsistas de iniciação científica; na publicação de 344 artigos em periódicos e de 39 capítulos de livros; no pedido de depósito de 33 patentes e em 40 premiações.

“Gostaríamos de agradecer aos alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado, apoio dos técnicos administrativos e aos pesquisadores que atuaram nas respectivas chamadas, sem os quais, certamente, não teríamos chegado a esses resultados positivos”, comemora o cientista, que atua no Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPB desde abril de 1979 e que, um ano depois, já começou a orientar trabalhos acadêmicos no Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos da Universidade.

Professor titular da UFPB há 25 anos e Pesquisador (PQ) 1A do CNPq desde 2001, nível mais elevado e cujo impacto das pesquisas tem alcance internacional, sendo um dos mais influentes do mundo, José Maria Barbosa Filho avalia que estes 100% de aproveitamento nas nove edições da Chamada Universal do CNPq se deu em decorrência do seu perfil e qualificação.

“Se [o proponente] é pesquisador do CNPq e dos níveis mais altos, por exemplo PQ 1A, tem mais chance que um PQ 1B, e assim por diante. Dei sorte porque, quando a Chamada Universal foi lançada em 2001, eu já estava no nível mais alto. O segundo critério mais importante para obter aprovação trata-se da qualidade do projeto de pesquisa”, conta José Maria Barbosa Filho

O cientista da UFPB explica que, na maioria dos editais da Chamada Universal, procurou dar ênfase ao estudo das plantas da Caatinga paraibana, uma vez que as próximas ao Litoral, pertencentes à Mata Atlântica, tinham sido motivo de vários estudos anteriores.

“Quase nada se conhece a respeito dos estudos químico-farmacológicos dessas plantas da região Semiárida e a maioria está em vias de extinção na nossa região”, alerta o docente.

A mudança de objeto de pesquisa em 2006 teve a finalidade de levantar mais recursos para fomentar ainda mais a ciência na UFPB e promover os biocombustíveis enquanto matriz energética do futuro, colocando a Paraíba na vanguarda das energias renováveis, que apresentam baixo índice de emissão de poluentes.

“O item 1.4.2. do respectivo edital dizia que o valor máximo a ser financiado por pesquisa seria de R$ 50 mil, mas os projetos relacionados à cadeia de conhecimento do petróleo e gás natural, originários das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, poderiam pleitear até R$ 200 mil, a serem custeados com recursos do CT-Petro [Plano Nacional de Ciência e Tecnologia do Setor Petróleo e Gás Natural – CTPETRO]. Optamos por concorrer nessa segunda opção”, conta o professor da UFPB.

A última edição da Chamada Universal do CNPq, lançada no Diário Oficial da União (DOU) e na página do CNPq em 31 de agosto do ano passado, no âmbito do edital CHAMADA CNPq/MCTI/FNDCT Nº 18/2021 - UNIVERSALaprovou 1.290 projetos, sendo 724 da Faixa A (Grupos Emergentes) e 566 da Faixa B (Grupos Consolidados).

O financiamento global será de R$ 121,89 milhões, com recursos a serem destinados pelo Projeto de Lei do Congresso Nacional n° 39, de 2021 (PLN nº 39, de 2021), do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e do orçamento do CNPq, com prazo máximo de execução de 36 meses.

Periodicidade assimétrica

O Prof. José Maria Barbosa Filho rememora que, até 2012, a Chamada Universal era conhecida como Edital Universal. Apesar dessa mudança de nomenclatura a partir de 2013, o objetivo sempre foi o mesmo: apoiar projetos de pesquisa que visam contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação do país.

Segundo o docente, a chamada é estruturada não só para apoiar necessidades práticas de material, de equipamentos de pequeno porte e de insumos para pesquisas, mas também para formar recursos humanos em Ciência e Tecnologia e Inovação (CTI). Na visão dele, isso confere uma característica de universalidade no apoio à CTI - ao mesmo tempo em que se executa uma pesquisa científica, formam-se pessoas na área.

Prof. José Maria Barbosa Filho destaca também que, desde 2007, a chamada divide o auxílio em níveis de concorrência, ou seja, em faixas de financiamento crescente representadas pelas letras A, B e C e em critérios de senioridade acadêmica.

A partir desse mesmo ano, a chamada também passou a reservar, no mínimo, 30% dos recursos oriundos do FNDCT a pesquisadores que atuam em instituições sediadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e no Estado do Espírito Santo.

Já no edital de 2011, os pesquisadores ficaram inaptos a receber outro auxílio universal enquanto auxílio aprovado no edital anterior estivesse vigente. Na edição de 2012, começaram a ser disponibilizados recursos para a distribuição de bolsas nas modalidades de Iniciação Científica (IC) e Apoio Técnico (AT), além de recursos financeiros para aquisição de bens de capital e financiamento de custeio.

Nem todo ano houve chamada universal, já que ocorreram nove edições em 20 anos de atividades. “O instrumento de fomento Chamada Universal vem sendo executado ao longo de 20 anos, em períodos assimétricos e com chamamentos em periodicidades anuais, bianuais e, mais recentemente, trianuais. A periodicidade assimétrica é atribuída a razões orçamentárias e financeiras”, explica José Maria Barbosa Filho.

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Reportagem: Pedro Paz
Edição: Aline Lins
Fotos: Arquivo Pessoal