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Docente da UFPB participa de assembleia com principais matemáticos do mundo

publicado: 12/07/2022 16h12, última modificação: 12/07/2022 17h27
Reunião acontece a cada quatro anos e entrega a Medalha Fields, equivalente ao Nobel

 

A professora do Departamento de Matemática da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Miriam Pereira, participou da Assembleia Geral da International Mathematical Union (IMU), que reúne os principais matemáticos do mundo. O encontro aconteceu na semana passada, entre os dias 3 e 5 de julho, em Helsinki, na Finlândia.

“Foi um prazer poder participar de uma das mais importantes reuniões internacionais da comunidade matemática. A delegação brasileira atuou em diversas comissões no evento, além de termos elegido um representante para o comitê executivo”, comemora a docente e pesquisadora da UFPB.

Na ocasião, Miriam Pereira também pôde acompanhar a entrega da Medalha Fields, equivalente ao Prêmio Nobel. “Foi um momento emocionante, principalmente por termos uma mulher laureada (é a segunda na história). Sabemos que a presença de mulheres nas áreas relacionadas às Ciências Exatas ainda é pouca e a oportunidade de ver uma mulher premiada cria um incentivo para que meninas se vejam representadas e percebam que podem também ser pesquisadoras nestas áreas”, avalia a cientista da UFPB.  

Miriam Pereira refere-se à Maryna Viazovska, da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), na Suíça. Foram premiados também Hugo Duminil-Copin, Universidade de Genebra, na Itália; June Huh, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos da América (EUA); e James Maynard, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Segundo Miriam Pereira, na Assembleia Geral, principal órgão da IMU, são decididas a admissão de novos membros, eleição de oficiais e integrantes do comitê executivo, criação de comissões, elaboração do orçamento e estatutos, além de regras de conduta.

A Assembleia Geral é composta por delegados indicados pelas organizações aderentes e membros do comitê executivo, representantes de associados e membros afiliados. Convidados e observadores podem ser incluídos pontualmente. 

Normalmente, ela acontece em local e data próximos do International Congress of Mathematicians (ICM). Esta foi a 19ª Assembleia Geral da IMU. A próxima Assembleia Geral e ICM serão realizados nos EUA, a Assembleia Geral em Nova Iorque e o ICM na Filadélfia.

Nesta reunião da semana passada, também foi eleita nova composição do comitê executivo da Assembleia Geral, que contará com Paolo Piccione, presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), e o novo presidente da IMU, Hiraku Nakajima (Japão).

Inicialmente, a Assembleia Geral e o ICM aconteceriam de maneira presencial, na Rússia. Porém, com a guerra na Ucrânia, a Assembleia Geral e a entrega da Medalha Fields ocorreram de forma presencial e o ICM remotamente.

Além de Miriam Pereira, integraram a comitiva brasileira a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) Jaqueline Mesquita, da Universidade de Brasília (UnB); Maria José Pacífico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e Yuri Lima, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

PPGMat

A pesquisadora Miriam Pereira, além de atuar na graduação, é professora e desenvolve pesquisas sobre a Teoria de Singularidades, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Matemática (PPGMat) da UFPB.

“O PPGMat da UFPB tem focado na qualidade da sua produção científica”, afirma Fagner Araruna, atual coordenador do programa. Ele avalia que a produção científica brasileira em Matemática tem, cada vez mais, ganhado destaque e projeção mundial nos últimos anos.

“De fato, além de importantes prêmios individuais, que distinguem o nível de excelência da matemática produzida por brasileiros, a exemplo da Medalha Fields, do Ramanujan Prize e do Oswald Veblen Prize, em 2018, o Brasil evidenciou sua importância entrando para o seleto Grupo V da IMU”, sublinha o coordenador da pós, também pesquisador da UFPB.

Na entidade que congrega 76 países e que tem por objetivo fomentar a cooperação internacional nesta área do conhecimento, seus países-membros são divididos em cinco grupos, classificado por ordem de excelência.

Segundo a coordenação do PPGMat da UFPB, o Brasil aderiu à IMU em 1954, entrando no Grupo I, e foi promovido ao Grupo II, III e IV nos anos de 1978, 1981 e 2005, respectivamente. Agora, promovido ao grupo V, está ao lado de países como a Alemanha, Canadá, China, Israel, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos.

O curso de doutorado do PPGMat da UFPB teve sua aprovação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) somente em maio de 2019 e já formou 23 doutores.

Conforme Fagner Araruna, o PPGMat da UFPB vem se reinventando e adotando novas tecnologias associadas às plataformas digitais e redes sociais, como Instagram e YouTube, em que são disponibilizados vídeos de palestras, cursos, mesas-redondas e eventos científicos.

Tradicionalmente, o PPGMat da UFPB também organiza atividades científicas, dentre as quais destaca-se a Escola de Verão, realizada initerruptamente desde 1994. Há também ciclos de palestras, seminários e reuniões científicas de âmbito regional, nacional e internacional. Essas atividades procuram promover o intercâmbio entre pesquisadores nacionais e estrangeiros que desenvolvem projetos científicos em temas ligados às linhas de pesquisa inseridas no programa.

O PPGMat da UFPB foi criado em março de 1994 e atua na formação de recursos humanos e no desenvolvimento de pesquisa matemática nas áreas de Álgebra, Análise, Geometria/Topologia e Probabilidade. O corpo docente conta, atualmente, com 26 membros permanentes e nove colaboradores. Dentro do quadro de permanentes, 17 (65,4%) são bolsistas de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Reportagem: Pedro Paz
Edição: Aline Lins
Foto: Divulgação