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Estudo da UFPB constata que tratamento com nitrato para pressão arterial não aumenta incidência de câncer

publicado: 14/12/2021 14h02, última modificação: 14/12/2021 14h02
Pesquisa em parceria com instituição Sueca Karolinska Institutet também observou efeito da substância na expectativa de vida

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Estudo realizado no Laboratório de Controle Neural da Circulação e Hipertensão Arterial, do Centro de Biotecnologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) investiga se o tratamento crônico de pressão arterial por meio do uso de nitratos pode afetar a expectativa de vida em ratos ou a incidência de câncer. O artigo “Effects of chronic dietary nitrate supplementation on longevity, vascular function and cancer incidentes in rats” foi publicado no periódico internacional Redox Biology, no último dia 7 de dezembro.

Trata-se de um estudo de longevidade realizado com 200 ratos, entre novembro de 2016 e novembro de 2021. O trabalho é fruto da tese de doutorado do pesquisador Lucas Rannier Carvalho, aluno egresso do Programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas da UFPB que ganhou destaque por ser o doutor mais jovem formado pela Instituição, aos 24 anos de idade. 

O artigo foi escrito pelo médico veterinário Lucas Carvalho em colaboração com 13 pesquisadores da UFPB e da instituição Sueca Karolinska Institutet, localizada em Estocolmo. De acordo o professor Valdir Braga, orientador de Lucas Carvalho e Pró-Reitor de Pesquisa da UFPB, a parceria entre as instituições teve início em 2015, em um projeto financiado pela CAPES STINT Brasil - Suécia. Dessa primeira colaboração nasceu a motivação para seguir a linha de pesquisa da equipe brasileira e sueca sobre hipertensão arterial em humanos na realização de um estudo de longevidade, que deu origem à tese de doutorado de Lucas Carvalho em pesquisa financiada pela CAPES e  pela FAPESQ, por meio do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência - PRONEX.

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O Pró-Reitor explica que, para o estudo da hipertensão arterial em humanos, o grupo do Laboratório de Controle Neural da Circulação e Hipertensão Arterial da UFPB utiliza modelos animais para compreender como os humanos ficam hipertensos e como tratar a hipertensão. Dentre as substâncias estudadas para tratamento estão os nitratos, que se destacam por gerar uma molécula chamada óxido nítrico, que relaxa o vaso sanguíneo causando a queda da pressão. O nitrato é uma substância encontrada em alimentos como beterraba, couve, repolho, brócolis e outros folhosos verde-escuro.

Para a realização da pesquisa que resultou no artigo publicado por Lucas Carvalho e pelas  equipes das duas instituições, foram utilizados 200 animais de ambos os sexos divididos em dois grupos. Um dos grupos ingeriu nitrato diluído em água, a partir da vida adulta; e o outro grupo ingeriu apenas água. Ambos os grupos foram cuidados até a morte natural dos animais – após 3 ou 4 anos de idade –, para posterior investigação da causa da morte e estado dos órgãos e vasos sanguíneos, com avaliações realizadas na UFPB e também com envio de amostras para análises mais sofisticadas na Suécia.

Tratamento não induz câncer

De acordo com o professor Valdir Braga, a pesquisa teve três resultados principais: demonstrou que o  tratamento crônico do nitrato não aumentou ou diminuiu a expectativa de vida, concluindo que o nitrato não altera a longevidade dos animais; que o tratamento com nitrato fez que o que os animais ficassem mais saudáveis, haja vista que houve uma melhoria na função vascular,  diminuição da possibilidade de aterosclerose (acúmulo de gordura nas paredes das artérias) e prevenção no desenvolvimento de hipertensão arterial; além disso a pesquisa demonstrou que o tratamento não induziu a ocorrência de câncer.

Eles não desenvolveram câncer de uma maneira diferente daqueles que não tomaram nitrato desenvolveram, houve uma incidência nos dois grupos, de câncer de mama, por exemplo, mas nada evidenciou que o nitrato estava causando mais câncer que o aparecimento normal em uma porcentagem da população. A gente conseguiu demonstrar que o nitrato é bom para o sistema cardiovascular e pode ser consumido por muitos anos, que não vai causar nenhum tipo de malefício e, em especial, ele não vai induzir câncer. Esse foi o grande achado do estudo”, disse o Prof. Valdir Braga. O periódico internacional tem fator de impacto 11,79 e é uma revista de referência na área. “Publicar um trabalho realizado na UFPB em um periódico desse patamar aumenta muito a visibilidade da nossa Instituição”, afirmou o Pró-Reitor.

Por meio da colaboração entre a UFPB  e o Instituto Karolinska, continuam sendo investigadas outras possibilidades de utilização do nitrato no tratamento cardiovascular. No momento, os laboratórios pesquisam se a utilização crônica do nitrato favorece a regressão de placas de gordura já formadas em artérias. Além disso, o pesquisador Lucas Carvalho, após terminar o doutorado na UFPB, em março de 2021, iniciou o pós-doutorado no Instituto Karolinska e tem pretensões de retornar ao Brasil para contribuir com a ciência e a sociedade do país.

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Reportagem: Elidiane Poquivique
Edição: Aline Lins
Foto: Divulgação