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Meio século de história: saiba mais sobre a Carpintaria da UFPB

publicado: 30/06/2021 17h19, última modificação: 01/07/2021 11h42
Setor comandado pelo mestre "Zezinho" está recuperando móveis do Museu Casa de Cultura Hermano José

Foto: Angélica Gouveia

Quando foi transferida, em 1971, do Colégio Agrícola Vidal de Negreiros (CAVN), em Bananeiras, para o campus João Pessoa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a Carpintaria funcionava em um pequeno galpão no Centro de Tecnologia (CT) – à época, ainda Escola de Engenharia.

Após cerca de dois anos, mudou-se para o local onde segue funcionando até hoje, na Garagem Central da UFPB. Lá, são realizados serviços de fabricação, conserto e conservação de móveis. Atualmente, tem a missão de recuperar pelo menos 20 móveis do Museu Casa de Cultura Hermano José, um dos equipamentos culturais pertencentes à Universidade.

Naquele mesmo ano de 1971, ingressava na UFPB e na Carpintaria o atual mestre de edificações e infraestrutura do setor, José Derivaldo Ancelmo, o “Zezinho”. Filho de carpinteiro, ele aprendeu o ofício vendo o pai fabricar, manualmente, peças como carro de boi, veículo de duas rodas usado principalmente em áreas rurais.

Entre tantas peças já fabricadas por Zezinho ao longo da trajetória de quase 50 anos, a exemplo de mesas, gaveteiros, e dos antigos quadros de giz, uma recordação especial para o mestre é a da fabricação de uma pipa – um tonel de madeira – para armazenamento de álcool no Laboratório de Tecnologia Farmacêutica (LTF). Ele e outros dois marceneiros levaram dois meses para produzir o tonel, cuja capacidade é de cinco mil litros. “É gratificante, é bom ver o resultado do meu trabalho”, contou.

Da instalação no campus I para cá, muita coisa mudou, na área da marcenaria e na própria UFPB. De móveis de madeira robustos e de fabricação mais demorada para a utilização de peças que chegam à Carpintaria em forma de módulos, quase prontos para encaixe. Mas, curiosamente, essas peças – atualmente no material MDF – ainda são finalizadas pelas mesmas máquinas centenárias trazidas do Colégio Agrícola de Bananeiras pelo então mestre de carpintaria Antônio Alves.

Além do maquinário que ainda funciona normalmente, a exemplo de uma plaina desempenadeira – ferramenta usada para deixar plana uma superfície de madeira –, há, no local, outra raridade com cerca de 100 anos de existência: dois bancos para trabalho dos marceneiros, feitos de madeira baraúna.

Para o Reitor da UFPB, Prof. Valdiney Gouveia, a atuação desse setor é fundamental para o funcionamento da Universidade e faz parte da história da Instituição, já que na Carpintaria foram construídos os móveis de muitos espaços da Universidade e do Hospital Universitário. Uma história que se confunde com a própria trajetória do mestre Zezinho enquanto servidor. “Com mais de 60 anos de idade, ele está trabalhando todos os dias e dando o melhor para a Universidade, respondendo com prontidão invejável”, elogiou.

Ainda segundo o Reitor, a Carpintaria tem realizado um trabalho ímpar na recuperação de móveis como oratórios, cristaleira e outras peças da sala de jantar do acervo do Museu Casa de Cultura Hermano José, espaço que pertence à UFPB. O Prof. Valdiney ressaltou que o mobiliário do museu está sendo preservado, respeitando a originalidade e o estilo da época, com reparos necessários de itens que compõem as peças.

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Reportagem: Milena Dantas
Edição: Aline Lins
Fotos: Aline Lins