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Pesquisador da UFPB identifica formigas de correição no semiárido paraibano

Comum em mata fechada, inseto indica que floresta está preservada
publicado: 16/06/2020 21h08, última modificação: 16/06/2020 21h42
As formigas de correição mantêm a biodiversidade do meio ambiente através do controle das populações de insetos inferiores, por meio da predação. Foto: Carolina Nunes

As formigas de correição mantêm a biodiversidade do meio ambiente através do controle das populações de insetos inferiores, por meio da predação. Foto: Carolina Nunes

O pesquisador Igor Nascimento, do Laboratório de Entomologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), identificou formigas de correição, das espécies Eciton vagans e Neivamyrmex goeldii, em uma floresta seca na Fazenda Almas, uma Reserva Particular do Patrimônio Natural localizada na cidade de São José dos Cordeiros, região do bioma caatinga, no Semiárido paraibano. Até então, o inseto era comumente encontrado na Floresta Amazônica, Mata Atlântica  e no Cerrado da região central do Brasil.

Segundo o pesquisador, sob orientação da professora Carolina Nunes e colaboração de Marília Costa, as formigas de correição, comuns em matas fechadas, indicam que uma floresta está preservada. Elas mantêm a biodiversidade do meio ambiente através do controle das populações de insetos inferiores, por meio da predação.

“A presença desses pequenos insetos indica que o ambiente é pouco modificado, que os planos de manejo e monitoramento para a preservação dessa Reserva Particular do Patrimônio Natural na caatinga estão sendo bem elaborados. Elas podem ser úteis para indicar e monitorar a preservação do meio ambiente. Com relação às espécies que encontrei no ano passado, deve ter ocorrido algum processo de seleção e adaptação ao ambiente seco”, afirma Igor Nascimento.

Se as formigas de correição não controlassem as populações de outros insetos por meio da predação, ocorreria a perda gradativamente da biodiversidade no local. “Esses outros insetos teriam população dominante. Em grande número, possuiriam vantagem na busca de recursos, fazendo com que faltassem alimentos para os demais”. 

De acordo com o pesquisador, o estudo sistematizado do local, além de ajudar a monitorar a conservação dessa Reserva Particular do Patrimônio Natural, contribuirá com o conhecimento da biodiversidade da caatinga. “A reserva foi instituída em 1º de agosto de 1990, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. A caatinga é a região natural brasileira proporcionalmente menos estudada e protegida, altamente suscetível a impactos provocados pela ação humana”. 

Predadoras

As Eciton e Neivamyrmex são formigas nômades e predadoras de topo da cadeia alimentar entre os invertebrados. Durante sua estadia em um determinado local, podem comer tudo pela frente, principalmente outras formigas, além de insetos menores.

Elas andam pelo chão e sobem nos galhos e troncos inspecionando tudo. Algumas aves acabam seguindo regularmente essas expedições, a fim de capturar insetos e outros pequenos animais que tentam escapar do ataque delas.

“Elas têm esse tipo de comportamento por não possuírem uma colônia estabelecida. Vivem em constante movimento. Quando há desmatamento de uma floresta, são as primeiras a desaparecer. Justamente por serem nômades e precisarem de uma grande área para sobreviver. Têm o instinto de predar muitos bichos”, explica Igor Nascimento.

O grupo desses artrópodes inclui espécies com diferentes gêneros e uma única subfamília. Além disso, possuem linhagens filogenéticas que desenvolveram o mesmo comportamento de acordo com os princípios da evolução. “O termo “correição” corresponde a nenhum sistema de classificação científica em particular dentro da família das formigas”.

De acordo com o pesquisador, a maioria dos estudos sobre formigas de correição foram feitos em florestas úmidas e pluviais. “O conhecimento em outros ambientes tropicais é bem pequeno. Essa pesquisa tem o objetivo de cobrir essa lacuna”.

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Reportagem: Carlos Germano | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB