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Trabalhadores da educação no Vale do Mamanguape são contra volta às aulas presenciais neste ano, segundo pesquisa da UFPB

Profissionais integram grupos de risco para covid-19 e relatam falta de apoio em biossegurança
publicado: 10/11/2020 19h49, última modificação: 13/11/2020 11h32
Dos 705 trabalhadores que participaram da pesquisa da UFPB, 90,2% rejeitam volta às aulas presenciais ainda neste ano. Crédito: Paulo Palhano

Dos 705 trabalhadores que participaram da pesquisa da UFPB, 90,2% rejeitam volta às aulas presenciais ainda neste ano. Crédito: Paulo Palhano

Trabalhadores da educação no Vale do Mamanguape, no Litoral Norte da Paraíba, são contra a volta às aulas presenciais ainda neste ano, segundo pesquisa on-line do Grupo de Estudos em Educação, Etnia e Economia Solidária (GEPeeeS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), realizada entre 15 de setembro e 1º de outubro.

Dos 705 profissionais que responderam à pesquisa, 90,2% são contrários à proposta. Participaram do estudo trabalhadores das redes municipais, estadual, federal, particular e filantrópica que atuam nos 12 municípios da região.

De acordo com o estudo da UFPB, 48,4% desses trabalhadores não possuem problema de saúde que cause desconforto. Mas há casos substanciais de comorbidade, como hipertensos (18,2%), cardiopatas (3,1%), obesos (8,5%), diabéticos (2,8%) e fumantes (0,3%), grupos de risco para a pandemia da covid-19. Dos somente 27,9% que fizeram testagem para a covid-19, 10,4% testaram positivo.

Os resultados da pesquisa também apontam que os profissionais da educação no Litoral Norte paraibano estão sobrecarregados com o teletrabalho: dos 705 que responderam à pesquisa, 50,4% afirmam estar trabalhando mais.

“Esta sobrecarga de trabalho decorre do acréscimo de novas rotinas, pois, para operar com as aulas remotas, se faz necessário montar outras novas aulas, porque os conteúdos precisam de novas metodologias para transmissão, fixação e avaliação. Em grande medida, os educadores precisam se capacitar para operar com as novas tecnologias digitais”, afirma Paulo Roberto Palhano, coordenador do estudo.

De fato, segundo os dados do estudo, 51,9% desses trabalhadores não possuem formação em tecnologia. Com o início das aulas on-line, 51,6% deles procuraram aquisição de equipamentos e insumos em tecnologia digital. Contudo, 48,4% não os adquiriram.

Para Paulo Palhano, o ensino remoto só funciona se o emissor estiver munido de equipamentos e internet. “Percebe-se que os educadores destinaram valores financeiros oriundos dos seus salários para efetivar as atividades educacionais durante a pandemia da covid-19. Mas essa é uma função do sistema educacional, que deve prover as condições básicas para que haja o bom exercício do trabalho”.

Prova disso é que 61,7% dos trabalhadores da educação no Vale do Mamanguape garantem que não receberam nenhum tipo de insumo das secretarias municipais de educação e da 14ª Gerência Regional de Educação (GRE). Somente um total de 26,8% receberam máscara, 20% álcool em gel, 20,9% álcool 70%, 4,1% sabão, 4,8% água sanitária, 3,8% lápis piloto, 3,8% cartolina, 0,1% apoio em taxa de internet e 0,4% papel ofício. 

No ponto de vista do professor Paulo Palhano, os gestores públicos têm a missão de proteger, com políticas públicas, todos os trabalhadores da educação e todos os estudantes. “Esses não podem ser tratados com desdém, condenados a um dia a dia humilhante”. 

O coordenador da pesquisa da UFPB reforça que a categoria dos trabalhadores da educação na região compreende que as aulas presenciais só devem retornar em 2021. “Porém, será necessário dotar as escolas dos equipamentos previstos nos protocolos de proteção à saúde para estudantes, educadores, coordenadores-pedagógicos, diretores, técnicos e pessoal de apoio, além da necessidade de esperar que haja segurança mínima para tal convívio, por exemplo, com uma vacina que garanta a imunidade das vidas humanas”, finaliza Paulo Palhano.

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Reportagem: Carlos Germano | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB