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Aluna da UFPB faz 2 intercâmbios com bolsa durante a graduação

por Larissa Guedes publicado: 20/10/2023 10h12, última modificação: 09/11/2023 08h37
Colaboradores: Larissa Guedes, Chrislaynne Santos (estagiária 2023.1)

Maria Eduarda é aluna do curso de Línguas Estrangeiras aplicadas às Negociações Internacionais (LEA-NI) e em 2020 ela foi selecionada para a Bolsa Santander Iberoamericanas para estudar seis meses na Universidad de Granada, Espanha, mas devido a pandemia só conseguiu realizar o intercâmbio em janeiro de 2022. No mesmo ano, ao retornar a UFPB, ela se inscreveu no edital de bolsas de intercâmbio da Universität Vechta (Alemanha) e foi contemplada com a bolsa, realizando o intercâmbio em março de 2023. Maria Eduarda conta que teve um mês para se preparar para a prova de proficiência, estudando alemão oito horas por dia. Nesta entrevista ela compartilha um pouco da sua experiência nos dois intercâmbios e explica como foi o processo para conseguir as bolsas.

Quando você começou a planejar sua viagem? Como foi o processo?

Espanha: Após receber uma cota única da Bolsa Santander Iberoamericanas 2020, eu precisei ir até Salvador para tirar o visto de estudante. As duas viagens, para tirar o visto e buscar o passaporte, foram custeadas com um dinheiro reserva que eu juntei sendo pesquisadora PIBIC por dois anos, portanto é importante ter dinheiro reserva para custear as viagens e o valor do visto. Apesar de ter recebido um valor satisfatório, ele não foi suficiente para custear todo o processo, apenas a minha estadia de seis meses na Espanha. O processo de solicitação de visto, busca por apartamento e compra das passagens de avião foi feito todo por mim. Para fazer a matrícula na universidade acolhedora eu tive o apoio da ACI que intermediou o processo. Observação: Apesar de ter sido selecionada no edital de 2020, eu só pude viajar em 2022 devido a pandemia e as recomendações da Universidad de Granada. 

Alemanha: A preparação para o intercâmbio da Universität Vechta foi mais tranquila, porque não foi necessário tirar o visto de estudante aqui no Brasil e durante todo o processo fomos auxiliados pelo professor Stephan Sandkötter que nos orientou durante todo o intercâmbio. Para participar do intercâmbio de Vechta também é necessário custear a passagem, porque a bolsa só é recebida quando já estamos lá. Portanto, é bom ter uma reserva para comprar as passagens e para se manter durante as primeiras semanas antes de receber a bolsa. Com relação a preparação para a prova de proficiência, é recomendável estudar alemão o quanto antes para se sentir seguro no dia da prova. Eu não sabia que queria fazer esse intercâmbio até o dia que vi que as inscrições estavam abertas e resolvi arriscar. Estudei alemão oito horas por dia durante um mês e consegui chegar ao nível desejado. Porém é sempre bom começar os estudos o quanto antes. 

O que você achou da experiência de intercâmbio?

Eu tive experiências muito boas em ambos países. Na Espanha eu aprendi a usar a tecnologia a meu favor. Lá as pessoas não usavam caderno para anotar a matéria, todos usavam seus computadores, e logo tive que me adaptar para poder participar das dinâmicas e das pesquisas em grupo. O que eu mais gostei na metodologia da Universidad de Granada é que os professores incentivam o debate e estão sempre interessados em ouvir a opinião dos alunos, mesmo quando os alunos não estão por dentro do assunto. Existem muitos incentivos à busca por informação. Na Alemanha eu aprendi que todo o esforço em aprender a língua será grandemente recompensado. Através do alemão eu consegui ter debates muito interessantes com os professores, consegui viajar pela Alemanha e aproveitei bastante minha estadia em Vechta. A metodologia da Universität Vechta também me chamou atenção. Apesar de ser um ensino mais tradicional em sala de aula, eu tinha mais tempo livre para pesquisar e estudar sozinha em casa. Dessa forma, me sentia mais preparada para as aulas e provas.

Qual a rotina da instituição de ensino?

Espanha: Eu escolhi o curso de tradução e interpretação na Universidad de Granada e o fluxograma era bastante diversificado. Optei por estudar cultura da língua francesa, cultura da língua espanhola e cultura da língua italiana, devido ao meu grande interesse por culturas e por acrescentar muito na minha experiência como aluna de Línguas Estrangeiras. Tive de três a quatro meses de aula seguida por três semanas de preparação para as provas. Cada disciplina tinha apenas uma prova final que era dividida em prova escrita e prova oral. As provas escritas eram longas e abordagem todo o conteúdo dado durante os quatro meses de aula e as provas orais foram feitas individualmente e tinham a duração de 15-20min. Durante os meses de aula fizemos muitas pesquisas, atividades e pequenas apresentações em sala. 

Alemanha: A minha rotina da Universität Vechta foi parecida com a rotina que tive na Universidad de Granada. A principal diferença é que a maioria das atividades de casa, eram textos teóricos que serviam de base para aulas, a presença na aula não era obrigatória, e tive apenas uma prova ao final do semestre para cada uma das disciplinas que escolhi cursar. Optei por estudar nos cursos de Kulturwissenshaft (Ciências Culturais) e Sozialwissenshaft (Ciências Sociais). Cursei disciplinas que abordavam as questões de gênero, família e suas representações sociais, porque me interesso por essas temáticas e porque não haviam disciplinas compatíveis com as disciplinas do LEA-NI. Ambas disciplinas agregaram muito no meu conhecimento acerca das questões de gênero e família no Brasil e na Alemanha.

Quais as diferenças na forma de ensino e aprendizado?

Espanha: A Universidad de Granada tem uma metodologia bastante dinâmica, os alunos se envolvem no aprendizado e são incentivados a pesquisar e compartilhar informações na sala de aula. Apesar de também existir esse incentivo na UFPB, acredito que os alunos ainda sentem vergonha de compartilhar informações e dar opiniões sobre os assuntos trazidos pelos professores. 

Alemanha: A Universität Vechta possui uma metodologia mais tradicional em sala de aula, porém deixa os alunos mais livres para estudar em casa e se prepararem para aulas e para as provas. Sendo a presença em aula facultativa, os alunos podem optar se querem assistir a aula presencial ou se preferem ler o material que o professor colocou no sistema. 

Quais as dificuldades que você enfrentou estudando fora?

Espanha: Desde o início da preparação eu precisei organizar tudo sozinha e não conhecia outras pessoas que tivessem morado em Granada para me ajudar no processo. Portanto, quando cheguei na Espanha eu ainda não tinha um apartamento para ficar e precisei resolver todas as burocracias sozinha. Acredito que a única dificuldade foi com relação às burocracias, pois eu já estava acostumada com o idioma e fiz amizades rapidamente tanto na universidade, como participando em grupos poliglotas espalhados pela cidade. 

Alemanha: A principal dificuldade foi o idioma. O alemão é um idioma que demanda tempo e muita força de vontade. Além do idioma, tive dificuldade em fazer amigos alemães. Os alemães são gentis, mas são muito reservados. 

Quais os aspectos da cultura local? Alguma curiosidade sobre o lugar onde você morou?

Espanha: Eu admiro muito o fato dos espanhóis saberem aproveitar a vida. Eles dão muito valor às amizades, gostam de sair e se divertir, se interessam em conhecer o outro e são muito acolhedores. Eles conseguem equilibrar muito bem a vida social e os estudos. 

Alemanha: A organização alemã é algo que me admirava muito. As cidades são bem organizadas e limpas, a rotina é organizada, os alemães se preocupam em manter as coisas em ordem, se comprometem com o bem-estar social e se preocupam com o meio ambiente.

Conte alguma história inusitada/interessante vivida no seu intercâmbio que você gostaria de compartilhar. 

Os meus intercâmbios foram cheios de boas histórias, amizades que levo pra vida, pessoas que me ajudaram, dificuldades e grandes perrengues, etc. Acredito que a história mais interessante do meu intercâmbio na Espanha acontece em um bar famoso na cidade, onde as pessoas vão para praticar idiomas. Cheguei no bar e descobri que naquele dia não estava acontecendo o evento de idiomas, mas decidi ficar mesmo assim e sentei em uma mesa junto com outras pessoas que acenaram com a mão assim que eu entrei no bar, uma delas era uma amiga que eu tinha feito enquanto estava hospedada no hostel. A minha amiga apresentou os amigos dela e um deles continuou conversando comigo e perguntou onde eu morava em Granada. Eu falei pra ele que morava em um condomínio perto da fábrica de cerveja e ele falou que ele sabia onde era e já tinha morado lá também há quatro anos. Achei interessante e perguntei em qual das casas do condomínio ele tinha morado e ele falou que morou na casa 4 no quarto rosa. Fiquei impressionada porque eu estava morando na casa 4 e no quarto 3. Resumindo, achamos que era muita coincidência e decidimos ali que seríamos amigos. 

O que você recomenda para aproveitar ao máximo a experiência de estudar no exterior?

Acho que é importante as pessoas lembrarem que elas podem ser quem elas quiserem durante a experiência do intercâmbio. Eu era muito tímida e antisocial aqui no Brasil e quando cheguei na Espanha decidi que eu iria participar em intercâmbios linguísticos, que ia fazer amigos, viajar, provar comidas diferentes, escutar músicas diferentes e aprender sobre a história do lugar. O intercâmbio é o que você faz dele. É uma grande oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Não é preciso fazer um intercâmbio para mudar de vida, mas o intercâmbio em si é uma grande mudança e você descobre muito sobre você e sobre os outros, e ao final você escolhe como você quer ser.

O que mudou em você e na sua jornada acadêmica/profissional após o intercâmbio?  Considera fazer novamente algo similar?

Além do intercâmbio para Espanha e para Alemanha, eu já tinha feito durante o ensino médio um intercâmbio para a Nova Zelândia custeado pelo Programa Ganhe o Mundo do estado de Pernambuco e desde esse primeiro intercâmbio que eu venho notando mudanças significativas no âmbito pessoal e profissional. Após aprender três idiomas como resultado dessa experiência e conhecer as metodologias das universidades, eu aprendi a me organizar melhor nos estudos e me adaptar a metodologia que me traz mais resultados. Eu me sinto mais confortável estudando sozinha de maneira autodidata, mas também gosto de trazer dúvidas e esclarecer durante as aulas. As experiências dos intercâmbios me ajudaram a me sentir capaz de aprender qualquer coisa. Hoje em dia não vejo mais a tecnologia como um problema, aprendi a usá-la a meu favor desde que a utilizei todos os dias na Universidad de Granada. O emprego que tenho hoje também foi fruto dos meus intercâmbios. Trabalho como professora de português para estrangeiros em uma empresa estadunidense, e não teria conseguido esse trabalho se não fosse pelo meu conhecimento em línguas e culturas. Portanto, pretendo continuar estudando e fazendo mais intercâmbios. Dessa vez, gostaria de fazer voluntariado ao redor do mundo e fazer um mestrado na França.

 

Se você é estudante vinculado à UFPB e também quer participar da campanha UFPB Mundi e compartilhar sua experiência internacional de intercâmbio, responda o formulário online disponível em: https://forms.gle/LXHZkHvzdV9TrANN9. As respostas do formulário serão utilizadas para publicação no site e redes sociais da ACI-UFPB.  

 

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Texto e edição: Chrislaynne Santos (estagiária 2023.1) // Revisão: Larissa Guedes