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Estudante de Bacharelado em Canto Lírico da UFPB fala sobre seu Intercâmbio na Örebro Universitet (Suécia)

por Larissa Guedes publicado: 10/11/2023 05h00, última modificação: 09/11/2023 08h59
Colaboradores: Larissa Guedes, Chrislaynne Santos (estagiária 2023.1)

Nesta entrevista, Estêvão Batista, estudante de Canto Lírico, conta como foi realizar seu sonho de poder viajar para outro país, morar no exterior e estudar música com uma infraestrutura de primeiro mundo. Seu intercâmbio foi entre os meses de janeiro e junho de 2020. Além do desafio da pandemia em meio ao intercâmbio, ele conta desde o processo de planejamento até as nuances culturais que vivenciou, por exemplo, como os suecos valorizam o espaço pessoal ao ponto de não se sentarem ao lado de estranhos nos ônibus. Acompanhe abaixo a entrevista na íntegra. 

Quando você começou a planejar sua viagem? Como foi o processo?

Comecei a planejar a viagem assim que soube que havia passado na seleção da ACI. Acredito que em setembro. A partir disso, começamos os trâmites burocráticos com o visto de estudante, arranjei ou comprei roupas de frio com conhecidos e amigos e juntei dinheiro para qualquer eventualidade na viagem. E toda a preparação psicológica para morar em outro país.

O que você achou da experiência de intercâmbio? 

Eu gostei muito do intercâmbio porque foi a realização de um sonho poder viajar para outro país, morar no exterior e estudar música com uma infraestrutura de primeiro mundo. A escola de música que nós estudamos era surreal de tão organizada, linda e moderna que era. O intercâmbio só não foi melhor ainda porque a pandemia nos prejudicou bastante, impedindo-nos de viajar para outros países da Europa ou até dentro da Suécia. Ficamos restritos à cidade em que estávamos e morrendo de medo de pegar Covid, que era uma doença desconhecida para nós.

Qual a rotina da instituição de ensino? 

Tínhamos aula uma ou duas vezes por semana. O restante dos dias nós ensaiávamos em grupos de colegas, estudávamos nosso repertório individual em cabines com piano ou passeávamos pela cidade. Em casa tínhamos afazeres domésticos como cozinhar a nossa comida, lavar os pratos, limpar a casa, passear na floresta vizinha ao campus da universidade.

Quais as diferenças na forma de ensino e aprendizado? 

A grade curricular da Universidade de Örebro se organizava por módulos, enquanto na UFPB se organiza por semestre. A carga horária era também muito mais esparsa e tínhamos pouquíssimas aulas durante a semana. Tinha semanas que não tínhamos aula e ficávamos à toa, com tempo livre para estudar nosso repertório, ou ensaiar música de câmara. Via de regra eu achei o curso de música da universidade sueca muito leve para os alunos e com bastante tempo livre. É como se o tempo lá passasse mais devagar. Certamente no Brasil estudamos muito mais que os suecos.

Quais as dificuldades que você enfrentou estudando fora? 

A princípio foi a fluência do inglês que precisamos ter para conversar com colegas e professores. Após superar a língua, o frio e o clima eram bem desafiadores. Depois disso, a saudade do Brasil, do calor, dos amigos, da comida brasileira. E especificamente o surgimento da pandemia dificultou muito o nosso processo de intercâmbio, ficamos muito mais restritos.

Quais os aspectos da cultura local? Alguma curiosidade sobre o lugar onde você morou? 

Um aspecto que eu gostei de morar na Suécia foi a qualidade de vida. Tudo na Suécia funciona perfeitamente: transporte público, equipamentos públicos, escolas, universidades, Internet. Tudo muito limpo, moderno e organizado. Não existe essa coisa de vandalismo e todo mundo respeita muito o espaço público bem como o seu espaço pessoal. As pessoas são muito educadas e se você esquece um pertence seu em lugar público como celular, cachecol ou luva, nenhuma pessoa vai pegar e esse item se mantém no mesmo lugar que você esqueceu por dias. Em compensação, as pessoas, colegas, professores pareciam ser bem frios e formais na interação entre eles e conosco.

Conte alguma história inusitada/interessante vivida no seu intercâmbio que você gostaria de compartilhar. 

Dois colegas estavam voltando do supermercado e estavam andando por uma área que não era reservada para pedestres, um carro da polícia passou e abordou os dois colegas e eles ficaram assustados porque pensaram que seriam presos na primeira semana do intercâmbio. Na verdade tudo foi um mal entendido e os policiais entenderam que os meus colegas estavam perdidos, por isso não estavam andando na pista para pedestres. Outra situação interessante é que nos ônibus, os suecos respeitam tanto o espaço pessoal das pessoas que eles não sentam do seu lado. A não ser que seja uma pessoa conhecida, colega ou amigo. Mas sendo um desconhecido, eles não sentam do seu lado. Outra situação engraçada é que às vezes eu era abordado por um imigrante que falava em árabe comigo pensando que eu também fosse um árabe por causa da cor da minha pele e feições.

O que você recomenda para aproveitar ao máximo a experiência de estudar no exterior?

Estudar e pesquisar sobre a cultura, culinária, costumes, feriados do local que você irá estudar. Pesquisar os pontos turísticos e lugares para passear na cidade que você for morar para estudar. Conversar com colegas que já viajaram pro país que você fará seu intercâmbio para ter um ponto de vista de um colega da sua nacionalidade. Aprender um pouco da língua do local onde você irá morar, mesmo que 90% da população fale inglês fluentemente.

O que mudou em você e na sua jornada acadêmica/profissional após o intercâmbio?  Considera fazer novamente algo similar?

O intercâmbio para Suécia foi como um divisor de águas na minha vida profissional e artística. Foi o período que mais eu tive tempo e tranquilidade para estudar canto lírico e o meu repertório. Abriu os meus olhos para outras perspectivas e vi que morar fora do Brasil é muito romantizado e pode ser bastante desafiador.

 

Se você é estudante vinculado à UFPB e também quer participar da campanha UFPB Mundi e compartilhar sua experiência internacional de intercâmbio, responda o formulário online disponível em: https://forms.gle/LXHZkHvzdV9TrANN9. As respostas do formulário serão utilizadas para publicação no site e redes sociais da ACI-UFPB.  

 

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Texto e edição: Chrislaynne Santos (estagiária 2023.1) // Revisão: Larissa Guedes