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UFPB recebe visita do Embaixador do Azerbaijão para discutir parcerias e o intercâmbio de estudantes

Entrevistamos Hanna Maia, estudante da UFPB que ganhou uma bolsa para um curso de 10 dias no país
publicado: 20/04/2023 11h16, última modificação: 20/04/2023 11h18
Colaboradores: Larissa Guedes

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) recebeu, na última terça-feira (18), visita oficial do Embaixador Rashad Novruz, do Azerbaijão para discutir parcerias entre a UFPB e instituições Azerbaijanas, como a Universidade de Línguas do Azerbaijão e o Instituto Internacional Multiculturalista de Baku.

Novruz foi recebido pela Vice-Reitora da UFPB, Liana Filgueira, no gabinete da Reitoria. Além disso, também estavam presentes Sandro Marden, presidente da Agência UFPB de Cooperação Internacional, que intermediou a visita, e Paulo de Tarso, Pró-reitor de Planejamento.

Inicialmente o Embaixador ministrou conferência intitulada ‘Relações internacionais do Azerbaijão e seu papel no sistema internacional’ aos alunos da graduação e pós-graduação em Relações Internacionais da UFPB, no Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), e destacou o protagonismo brasileiro na diplomacia global. “No que se refere à diplomacia, o papel do Brasil é muito maior do que o da região onde se localiza”, observou Novruz.

A visita ocorre após a estudante Hanna Maia, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais da UFPB, ter participado em fevereiro deste ano da XIII Escola de Inverno de Multiculturalismo Internacional, promovida pelo Instituto Internacional Multiculturalista de Baku, no Azerbaijão. A estudante ganhou uma bolsa que cobria custos de transporte, hospedagem e alimentação, da Embaixada para visitar o país e participar do curso de 10 dias sobre a política de multiculturalismo do Azerbaijão, de forma gratuita.

O programa do governo azerbaijano é voltado para estudantes e pesquisadores que desejam aprofundar seus conhecimentos sobre a implementação da política de multiculturalismo do Azerbaijão. Além da estudante da UFPB, única representante do Brasil no programa, este ano foram selecionados participantes do Azerbaijão, Turquia, Romênia, Síria, Palestina, Rússia, Estados Unidos da América, Sri Lanka, Japão, Paquistão, Georgia, Bulgária, Alemanha, Iraque, Moçambique, República Centro-Africana e China. 

A estudante contou que no Azerbaijão existem leis de conservação cultural de suas minorias, ensino bilíngue para a preservação e valorização de suas línguas. “Eles tratam o multiculturalismo também como ferramenta de segurança interna do país. Porque se você inclui todos e não promove perseguição a grupos étnicos, evita conflitos entre os diversos grupos da sociedade”, afirmou Hanna. Segundo ela, há também a preservação da história cultural de minorias através do incentivo governamental à construção e manutenção de museus - dentre eles, o museu dos judeus da montanha, que foi visitado pelos participantes desta edição da escola de inverno - e a tradução de livros locais para os idiomas das minorias étnicas por parte de institutos educacionais como o Instituto Multiculturalista de Baku.

Hanna Maia elogiou a iniciativa do Azerbaijão de promover esses cursos de curta duração. “Acho que é realmente uma ferramenta fantástica de divulgação do país, pois eu mesma nunca tinha pensado em ir para lá antes”, destacou. E a oportunidade surgiu através da ação da Profª Leila Bijos, orientadora da estudante e professora visitante na UFPB, que informou aos alunos da disciplina de geopolítica que ministrou no último semestre e com o apoio da Profª Irina Kunina, que também é a responsável pelo escritório internacional do Centro Internacional de Multiculturalismo de Baku.

“É um país em que a grande maioria da população é mulçumana, mas é um país laico, então, não achei tão conservador quanto a gente tem imagina. Foi uma experiência muito interessante”, afirmou Hanna. Segundo ela o país não segue aquele estereótipo de país islâmico, explicando que não é obrigatório o uso do véu para as mulheres, por exemplo.

Os integrantes do Programa participam de seminários lecionados por especialistas em Multicuturalismo, visitas guiadas a museus e comunidades minoritárias, mesas redondas para a discussão sobre o conteúdo exposto. Durante o programa, foram visitadas as cidades de Baku, Gusar, Guba e Khachmaz. Também foi visitado o Memorial do Genocídio em Guba, onde foram lamentadas as vítimas azerbaijanas do massacre de 1918 às vésperas do dia nacional de luto. 

Além disso, cada participante internacional apresenta uma palestra sobre um tema multicultural do seu país e, como a visita foi justamente no período do Carnaval, esse foi o tema escolhido por Hanna. “Eu quis mostrar o carnaval de uma forma mais aprofundada, pois normalmente os estrangeiros só conhecem as escolas de samba e o Rio de Janeiro. Eu apresentei o frevo, o maracatu e as raízes históricas do samba, como ele surgiu como um movimento de resistência dos negros. Tentei mostrar o nosso Carnaval de uma perspectiva realmente multicultural”, contou a estudante. Ela disse ainda que seus colegas se animaram e se envolveram muito com a sua apresentação, pois ela levou alguns adereços típicos como glitter para maquiagem e uma sombrinha de frevo. “Um colega búlgaro e um azerbaijano até arriscaram uns passos de frevo e as meninas gostaram de fazer uma maquiagem bem colorida. Foi bem divertido”, completou Hanna.

A estudante da UFPB terminou a entrevista afirmando que adorou a experiência, pois os integrantes do Programa puderam ter um contato próximo com os costumes e estilo de vida de algumas minorias étnicas do país. E viram como a política multiculturalista é aplicada com sucesso no Azerbaijão, sendo inclusive reconhecida pela ONU.

 

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Texto e edição: Larissa Guedes
Fotos: Angélica Gouveia e acervo pessoal de Hanna Maia