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Observatório na UFPB ampara moradores de periferia, indígenas, ciganos e quilombolas
Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) lançaram o Observatório Antropológico de Covid-19 para mapear e fortalecer ações de auxílio a comunidades com problemas sociais intensificados pela pandemia de Covid-19.
De acordo com a professora Patrícia Pinheiro, uma das coordenadoras do projeto, a atuação é realizada por meio de uma equipe que registra as demandas e busca o acompanhamento de respostas para elas.
“Os efeitos visam o fortalecimento de direitos dos povos e comunidades etnicamente diferenciados e das populações em situação de vulnerabilidade social, a exemplo dos indígenas, quilombolas, ciganos e pessoas que vivem nas periferias urbanas”, destaca.
A pesquisadora reforça que, ao longo da história brasileira, essas populações viveram e vivem “à margem do Estado, com regimes de trabalho precarizados, sem o suporte de políticas sociais efetivas, carecendo também de sistema de saneamento básico e de moradia”.
Para o pesquisador Phelipe Caldas, que também faz parte do Observatório, a desigualdade social do país se evidencia neste momento. “Tão grave no cotidiano paraibano, nordestino e brasileiro, se torna ainda mais evidenciada e potencializada em tempos extremos como o atual”, endossa.
Por isso, conforme o pesquisador, o grupo da UFPB busca “dar visibilidade a uma população que em regra passa à margem de um sistema de saúde de qualidade e do acesso a estruturas como saneamento básico, moradia, emprego formal, alimentação”.
O Observatório Antropológico conta com cerca de 20 participantes voluntários. São professores, pesquisadores e estudantes vinculados aos cursos de graduação em Ciências Sociais e Antropologia da UFPB e à Pós-Graduação em Antropologia. E também de outras universidades, como a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), e de profissionais e colaboradores que atuam na prestação de assessoria psicológica e jurídica.
“Dentre as parcerias, temos a Organização Não Governamental (ONG) Minha Jampa, que trabalha com moradores de rua e moradores de subúrbios da região metropolitana de João Pessoa, e a Comunidade Quilombola de Mituaçu, no Conde, por meio do Coletivo Jovem Raízes Negras, Defesa Civil de Mirim, Escola Quilombola Ovídio Tavares de Moraes e projeto de extensão da UFPB ‘Histórias de Quilombo’”, exemplifica Patrícia.
Com essas atuações, a pesquisadora da UFPB afirma que o projeto tem acompanhado as demandas da população em situação de rua, dos ciganos Calon, de comunidades indígenas, quilombolas e das periferias de João Pessoa.
“Os dados que estamos registrando podem auxiliar no monitoramento da evolução do coronavírus e seus efeitos para grupos específicos, de modo a auxiliar em pesquisas futuras e na formulação de políticas públicas”, conta Patrícia.
Também estão buscando parcerias com outros departamentos da UFPB para a produção de álcool gel. “Esperamos estimular o diálogo com organizações sociais, de representantes de povos e comunidades tradicionais e de lideranças de periferias urbanas, visando um estreitamento das redes formadas entre sociedade civil, universidade e instituições públicas”, almeja Patrícia.
A pesquisadora ressalta ainda que é necessário haver “uma percepção da diversidade e pluralismo para o respeito à cultura e aos modos de vida, à história, ao patrimônio material e imaterial de diferentes grupos sociais. Além disso, o combate ao preconceito, à estigmatização e à desigualdade racial no Brasil, que se acirram com a pandemia do coronavírus”.
Interessados em contribuir com o projeto devem entrar em contato pelo e-mail observantropologia@gmail.com, perfis no Instagram e Facebook, além do site do Observatório Antropológico da UFPB.
Ascom/UFPB