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Pesquisa da UFPB em parceria com UFGD descobre nova espécie de peixe piaba

publicado: 21/01/2022 17h18, última modificação: 23/01/2022 13h32
Nova espécie foi descoberta no rio Salobra, em Nobres, no Mato Grosso
 

Um estudo que está sendo realizado pela pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Profa. Manoela Marinho e pelo pesquisador da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) Prof. Fernando Dagosta é responsável pela descrição e catalogação de uma nova espécie do peixe piaba, que é um tipo de peixe encontrado nos rios do Brasil. A nova espécie foi descoberta no rio Salobra, em Nobres, ponto turístico do Mato Grosso.

Durante três anos, a pesquisa vem sendo conduzida no Laboratório de Sistemática e Morfologia de Peixes do Departamento de Sistemática e Ecologia (DSE) do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) da UFPB e na Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFPB. Nos laboratórios, as características anatômicas externas (coloração, quantidade de escamas, raios de nadadeiras) e internas (ossos) estão sendo estudadas e comparadas com outras espécies do grupo. Também foram realizadas observações subaquáticas da nova espécie.

A nova espécie pertence ao gênero Astyanax e se diferencia das outras, principalmente, pelo padrão de coloração, que consiste em uma faixa médio-lateral escura fina e bem definida no corpo, estendendo-se da cabeça até a base da nadadeira caudal, e também por possuir uma mancha umeral verticalmente alongada. Em vida, o peixe possui as nadadeiras caudal e dorsal alaranjadas e a parte superior do olho vermelho.

Segundo a Profa. Manoela Marinho, do Departamento de Sistemática e Ecologia da UFPB, é crucial que todas as espécies sejam descritas e catalogadas para que, dessa forma, sejam conhecidas e preservadas. A pesquisadora explicou que a descoberta de uma espécie nova em um ponto turístico subaquático, relativamente próximo a um grande centro urbano, mostra que mesmo as espécies de peixes observadas diariamente por centenas de pessoas em águas límpidas podem não ter uma identidade taxonômica formal.

A pesquisa está sendo financiada no âmbito da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP e pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

“A descoberta evidencia o quanto a megadiversa ictiofauna de água doce brasileira ainda precisa de esforços adicionais de coleta e investimentos para identificar e descrever novos táxons (sistemas de classificação científica). Assim, podemos compreender o mundo natural e preservá-lo”, destacou a Profa. Manoela sobre o estudo que teve sua amostragem realizada no Recanto Ecológico Lagoa Azul, em Bom Jardim, no Mato Grosso. O trabalho está em fase final de aceite e poderá ser lido na íntegra muito em breve, na revista Neotropical Ichthyology.

 Profa. Manoela Marinho/Departamento de Sistemática e Ecologia

A pesquisadora pontuou que, sem as coleções científicas do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) e da UFPB, a pesquisa seria impossível de ser realizada, pois não haveria material comparativo disponível para compreender se, de fato, trata-se de uma nova espécie.
“As universidades no Brasil são as principais responsáveis por manter as coleções biológicas, que são acervos de material botânico e zoológico utilizados para fins diversos, como educação, saúde, conservação e pesquisa científica”, destacou. 

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Reportagem: Mariani Idalino
Edição: Aline Lins
Fotos:  Arquivo pessoal