Descoberta de nova espécie de cupim por pesquisa da UFPB reforça importância da conservação de ecossistemas

Estudo foi feito por pesquisadores do Laboratório de Termitologia da universidade

sexta-feira, 17 de outubro de 2025
atualizado em sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Uma pesquisa de cientistas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) descobriu uma nova espécie de cupim, denominada Triclavitermes catoleensis. A espécie foi descrita com base em espécimes encontrados ao longo de expedições realizadas nos estados da Paraíba, Pernambuco, Piauí, Ceará e Bahia, com o município de Catolé do Rocha, na Paraíba, sendo escolhido como localidade-tipo da espécie, o que explica o nome dado pelos cientistas ao novo cupim. 

O achado preenche uma lacuna no conhecimento sobre a fauna do semiárido nordestino e reforça a importância dos fragmentos de mata da Caatinga para a pesquisa científica, como o próprio Monte Tabor, local de Catolé onde foram feitas as coletas em Catolé do Rocha.

O Triclavitermes catoleensis é uma espécie de cupim tipicamente silvestre, nativa da Caatinga, e não possui o potencial de ser uma praga urbana, como os cupins comuns que encontramos nas cidades. Ao contrário, ele desempenha um papel ecológico crucial no bioma, alimentando-se de detritos vegetais em decomposição e contribuindo para a fertilidade do solo. Este processo é vital para o crescimento das plantas e para a manutenção da saúde dos ecossistemas locais.

A descoberta dessa nova espécie tem implicações relevantes para o campo acadêmico e para a sociedade. “A descrição de uma nova espécie é importante justamente ao preencher lacunas no nosso conhecimento sobre a diversidade e distribuição da fauna de cupins no Brasil, nesse caso em especial, no semiárido nordestino”, diz Alexandre Vasconcellos, professor do Departamento de Sistemática e Ecologia e membro do Laboratório de Termitologia, de onde vêm os cientistas responsáveis pela descoberta. “Com pesquisas como a nossa, então, torna-se possível aumentar o número de espécies conhecidas e mapeadas em nosso país, que apresenta uma das maiores biodiversidades do mundo, mas ainda é insuficientemente estudada”, completa.

Segundo o acadêmico, com o mapeamento da diversidade desses organismos, é possível direcionar esforços de conservação mais eficazes, protegendo ecossistemas essenciais para a purificação do ar e da água, além de garantir os serviços ecossistêmicos que sustentam a vida no planeta.

A coleta dos exemplares que deram origem à descrição da espécie foi realizada ao longo de mais de 30 anos de estudos, com uma metodologia minuciosa que envolveu inspeção manual de solos, troncos caídos e cupinzeiros. Todo esse material encontra-se depositado na Coleção de Térmitas da UFPB. Os espécimes coletados foram preservados em álcool etílico e analisados em laboratório para uma descrição detalhada de suas características morfológicas, incluindo a análise da cabeça, pernas e intestino dos insetos. Isso reforça o papel das coleções científicas, que preservam espécimes ao longo do tempo, permitindo futuras descobertas e análises mais aprofundadas. 

Segundo Vasconcellos, a descoberta reforça a necessidade urgente de investimentos em pesquisa de base, como a taxonomia. “Descrever uma nova espécie, como o Triclavitermes catoleensis, não se trata apenas de um registro, mas sim de mais um passo para que possamos entender, valorizar e, finalmente, conservar a nossa biodiversidade”, argumenta.

Com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), a pesquisa contou, além de Alexandre Vasconcellos, com a participação de Renan Rodrigues Ferreira, Antonio Carvalho, Emanuelly Félix de Lucena e Rozzanna Esther Cavalcanti Reis de Figueiredo.

Pesquisadores responsáveis pela descoberta

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Texto: Hugo Bispo

Imagens: Ronildo de Sousa Ferreira (foto do Monte Tabor) e LabTermes/Divulgação. 

Ascom/UFPB