Pesquisadores da UFPB desenvolvem curativo inovador com liberação controlada de medicamento para herpes

Curativo inteligente promete liberar antiviral de forma contínua e aumentar a eficácia no tratamento

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
atualizado em quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
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Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveram um curativo adesivo inovador capaz de liberar medicamentos de forma controlada para o tratamento de infecções causadas pelo vírus Herpes simplex. O dispositivo, criado a partir de nanotecnologia aplicada a polímeros biodegradáveis, representa um avanço na busca por tratamentos mais eficazes, estáveis e confortáveis para pacientes que convivem com a doença.

A pesquisa e desenvolvimento do produto foi realizada por Raonil Ribeiro de Oliveira, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (PPGO); Kaline do Nascimento Ferreira, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPCEM); Eliton Souto de Medeiros, professor orientador da pesquisa e docente do Centro de Tecnologia (CT); Paulo Rogério Ferreti Bonan, professor do PPGO, e Joelma Rodrigues de Souza, professora do Centro Profissional e Tecnológico Escola Técnica de Saúde (CPT-ETS).

De acordo com os pesquisadores, a ideia do curativo surgiu a partir de discussões sobre a necessidade de soluções mais eficazes e menos incômodas para pacientes com herpes bucal, uma demanda recorrente nas áreas de saúde bucal e dermatológica. O professor Eliton Souto de Medeiros explica que o professor Paulo Bonan já trabalhava com essa problemática, e que, a partir dessas conversas, nasceu a proposta de desenvolver um produto capaz de melhorar o processo de recuperação de quem convive com a doença.

O invento consiste em um curativo adesivo muco ou dermoadesivo, produzido a partir de micro e nanofibras obtidas pela tecnologia de fiação por sopro em solução, utilizando polímeros biodegradáveis e atóxicos.

Diferentemente das formulações tópicas convencionais, como cremes e géis, que exigem aplicações repetidas ao longo do dia, o curativo já carrega o antiviral aciclovir embutido em sua estrutura. Ao ser aplicado diretamente sobre a lesão, libera a medicação de forma gradual, contínua e dentro da janela terapêutica ideal.

O curativo apresenta ótima adesão, atividade antiviral comprovada e ausência de toxicidade, além da possibilidade de fabricação em diversos tamanhos, formatos e níveis de respirabilidade. Segundo Medeiros, além da eficácia farmacológica, o dispositivo oferece um benefício adicional: o impacto estético.

O maior benefício, além da ação contra a herpes, é ter algo na forma de curativo pequeno e simples que evita a exposição do paciente. Muitos pacientes sentem vergonha em mostrar para a sociedade que eles têm a herpes bucal e o curativo além do seu efeito farmacológico tem o efeito estético”, afirma o docente.

O controle preciso da dosagem também reduz potenciais efeitos adversos e aumenta a adesão ao tratamento, especialmente em casos recorrentes. A combinação entre nanotecnologia, materiais biodegradáveis e engenharia de liberação farmacológica coloca o invento como uma alternativa moderna, segura e potencialmente mais confortável do que as terapias atuais.

A tecnologia também apresenta potencial de expansão. Segundo Eliton Medeiros, o grupo já conduziu outros estudos e planeja adaptar o sistema para diferentes fármacos e doenças que possam se beneficiar de sistemas de liberação controlada.

Como reconhecimento pelo caráter inédito e pelo potencial de impacto clínico da pesquisa, a tecnologia teve sua patente concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), com titularidade da UFPB. O processo foi conduzido e aprovado com apoio da Agência UFPB de Inovação Tecnológica (INOVA-UFPB), responsável por proteger e promover tecnologias desenvolvidas na instituição.

Com a patente consolidada, a expectativa é que o invento avance para a etapa de transferência tecnológica. Para Medeiros, o papel da universidade é demonstrar a prova de conceito: “Para transformar a pesquisa em um produto acessível, são necessários investimentos de startups ou parcerias com o setor farmacêutico”, ressalta.

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Texto: Elidiane Poquiviqui
Imagem: Pesquisadores e Freepik