Pesquisadores da UFPB desenvolvem microencapsulado com potente atividade antifúngica

Composto apresenta estabilidade térmica e eficácia contra fungos do gênero Candida

quinta-feira, 23 de outubro de 2025
atualizado em sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Um microencapsulado com comprovada atividade antifúngica, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), representa um avanço na busca por terapias mais eficazes e seguras contra infecções fúngicas. O invento demonstrou estabilidade térmica e elevada atividade farmacológica contra espécies como Candida albicans, Candida tropicalis e Candida parapsilosis, microrganismos responsáveis por doenças oportunistas de difícil controle clínico e crescente resistência aos antifúngicos convencionais.

De acordo com o pesquisador Fernando José de Lima Ramos Júnior, o objetivo do estudo foi desenvolver uma alternativa menos tóxica e mais eficiente aos medicamentos disponíveis no mercado. “A proposta surgiu diante da necessidade de reduzir a toxicidade e aumentar a eficácia dos antifúngicos, cuja ação tem sido prejudicada pela resistência fúngica”, explica.

O evento foi desenvolvido a partir de quantidades equimolares de Bifenil 4-Carboxilato de Metila (B4CMET) e de β-ciclodextrina (βCD). O microencapsulado foi obtido por meio de processos controlados de solubilização, agitação e evaporação, resultando em um complexo capaz de aprimorar as propriedades biofarmacêuticas do composto original. Essa estrutura garante maior estabilidade e potencial terapêutico, abrindo caminho para futuras aplicações farmacêuticas.

Grande parte dos experimentos foi conduzida no Instituto de Pesquisa em Fármacos e Medicamentos (IPeFarM/UFPB) e no Laboratório de Microbiologia da UEPB (LABDEM).

A pesquisa teve início em 2014, como tese de doutorado de Fernando José, sob orientação do professor Rui Oliveira Macedo, e envolveu também os pesquisadores Deysiâne Oliveira Brandão, Karla Monik Alves da Silva, Ana Cláudia Dantas Medeiros, Marta Maria Conceição, Damião Pergentino de Sousa, e Fábio Santos de Souza.

O resultado desse trabalho de longa duração foi reconhecido com a concessão da Carta Patente nº BR 102018068337-3, expedida em julho de 2025 pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O documento garante aos inventores e às instituições envolvidas os direitos sobre a propriedade intelectual do microencapsulado por 20 anos, contados a partir do depósito realizado em 2018.

Fernando José destaca o papel essencial da Agência UFPB de Inovação Tecnológica (Inova) no apoio durante todo o processo de proteção da invenção. “A Inova nos apoiou de forma brilhante desde o depósito até a obtenção da carta patente. É uma sensação de realização ver o resultado de um trabalho árduo reconhecido e poder retribuir à sociedade o investimento que faz na pesquisa pública”, afirma.

Atualmente, o pesquisador segue desenvolvendo novas pesquisas em instituições privadas, mas reconhece que a base de sua trajetória científica foi construída na UFPB. “A UFPB teve um papel importantíssimo, pois foi onde desenvolvi grande parte da pesquisa e sem os experimentos realizados nos laboratórios, jamais teria obtido essa patente”, conclui.

* * *
Texto: Elidiane Poquiviqui
Foto: Angélica Gouveia