Esperança – PB, 1926
Helle Henriques Bessa nasceu no ano de 1926, na cidade de Esperança, no interior da Paraíba e se formou como professora no Colégio Santa Rita em Areia. Ela é considerada uma das artistas visuais mais importantes do estado, sua atuação pode ser encontrada no desenho, na pintura e na gravura, especialmente a xilogravura. Helle participou de várias exposições nacionais e internacionais, algumas na Alemanha, México, Canadá e Itália. Além de artista, Helle também se tornou irmã da Congregação Franciscana em João Pessoa no ano de 1949, e adotou o nome de “Irmã Margarida”, algo que influenciaria profundamente na sua produção artística e visão de mundo. Sua trajetória é marcada por uma relação intensa entre arte, espiritualidade e compromisso com a educação e a cultura.
Sua formação artística possuía estudos em pintura, desenho e técnicas gráficas, o que permitiu que desenvolvesse uma linguagem visual própria, simples e refinada. A xilogravura, técnica tradicional nas artes, que consiste em entalhar imagens em madeira para posterior impressão, é um dos caminhos artísticos em que ela mais se destacou. Na sua prática, Helle Bessa utilizava essa técnica com leveza e rigor, construindo imagens que exploravam tanto o simbolismo religioso quanto cenas do cotidiano e da natureza. Em 1977, recebeu o Prêmio de Gravura da Funarte em Campina Grande, reconhecimento que ajudou a reforçar sua importância como profissional na cena artística brasileira.
A poética de Helle Bessa se desenvolvia a partir de uma estética minimalista, marcada por traços sutis e composições equilibradas. Seus trabalhos não são exuberantes nem visam o impacto imediato. Pelo contrário, convidam à contemplação silenciosa. Há em sua obra uma presença forte da religiosidade cristã, mas também uma preocupação com a vida simples, com a interioridade e com a dimensão afetiva da existência. A artista não se colocava como protagonista de grandes narrativas, mas sim como alguém que observava e traduzia, através das linhas e das formas, pequenos gestos e sentimentos humanos.
Outro ponto relevante em sua trajetória foi sua atuação no campo da formação artística. Helle Bessa contribuiu para a educação de novos artistas e para a valorização das mulheres nas artes visuais da Paraíba. Em uma época em que a presença feminina ainda era limitada nos espaços artísticos, sua atuação ajudou a abrir caminhos para outras mulheres, tanto como referência estética quanto como figura atuante nos bastidores culturais. Atualmente, sua obra integra o acervo da Pinacoteca da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde é constantemente estudada e exposta.
Em síntese, Helle Bessa representou uma produção artística que unia técnica, sensibilidade e compromisso espiritual. Sua obra se destaca por uma linguagem própria, construída ao longo de décadas de pesquisa, prática e reflexão. Ao mesmo tempo em que é discreta, sua produção teve grande impacto simbólico e cultural, tanto pelo conteúdo das obras quanto por sua atuação como formadora e referência. A artista reafirmou a importância de olhares sutis dentro da arte, mostrando que há potência na simplicidade e profundidade nos gestos calmos. Helle Bessa faleceu no dia 28 de junho de 2013, mas sua trajetória permanece viva, não apenas nos espaços institucionais, mas na memória coletiva das artes visuais paraibanas.
Última atualização: sexta-feira, 27 de junho de 2025
